Série IRSFD – Empreendendo com vinho P.03 QUAIS TIPOS DE VINHOS SÃO RECOMENDADOS PARA PEQUENOS PRODUTORES?

A maior produção no Brasil é de vinhos de mesa, elaborados a partir de uvas americanas (Vitis labruscas), mais rústicas e resistentes a doenças, de melhor adaptação ao nosso clima, que resultam em um vinho de perfil sensorial mais simples e menor valor de mercado. Para produção de vinhos finos, é necessário investir em uvas viníferas (Vitis viníferas) que trazem aromas e sabores mais complexos, considerados mais refinados, resultando em vinhos mais finos. No entanto, requerem um maior cuidado no cultivo, visto que são mais suscetíveis a pragas, além de resultar em menor rendimento.

AGRICULTURA DE PRECISÃO: O QUE É E COMO PODE CONTRIBUIR?

A utilização de agricultura de precisão pode auxiliar o produtor no cultivo das uvas. Através dela, ocorre a interconectividade de todos os elos da cadeia produtiva: máquinas, homens e tecnologia. Esta união permite um melhor gerenciamento das informações e dados, possibilitando ações mais assertivas nas práticas agrícolas (aplicação de insumos, irrigação, adubação, etc…), com uma redução no custo da operação,  redução de aplicação de defensivos agrícolas, melhora o meio ambiente. Nesta técnica, cada pequena área produtiva é tratada individualmente, como se houvesse várias propriedades dentro da mesma, porém com características específicas. Suas particularidades e necessidades são reconhecidas através do uso da tecnologia (GPS, drones, aplicativos de TI) visando uma melhor eficiência da agricultura.

TIPOS DE VINHO:

Além da produção convencional, outros bons caminhos a seguir são:

  • Produção de vinhos orgânicos, devido a sua menor produção e maior facilidade de controle. A agricultura orgânica é considerada mais sustentável, sem uso de defensivos agrícolas sintéticos, podendo ser usado os de origem natural. Para impedir o surgimento de pragas deve-se utilizar o equilíbrio biológico do ecossistema.
  • Produção de vinhos “naturais”: são aqueles em que as uvas são fermentadas a partir das leveduras naturalmente presentes nas uvas, sem adição de leveduras “comerciais”. Neles não são adicionados nenhum ingrediente além das uvas, nem mesmo conservantes, como os sulfitos, que podem ser usados nos vinhos convencionais. Neste caso, fato bastante interessante é que a conservação do vinho é garantida pela própria microbiota da uva, que impede o crescimento de outros micro-organismos indesejáveis.
  • Produção de vinhos biodinâmicos: são aqueles produzidos seguindo os conceitos da antroposofia propostos por Rudolf Steiner em 1924. Este conceito antroposófico encontra boa aceitação em parte dos consumidores. O processo produtivo deve ter a mínima interferência possível do homem. É considerado pelos apreciadores como autossustentável e em harmonia com o cosmo, devendo-se considerar as fases da lua e a posição dos planetas. São usados no cultivo apenas alguns preparados biodinâmicos que auxiliam na manutenção do solo, em mínimas quantidades e acompanhando o ritmo da natureza. Também não são utilizadas leveduras comerciais nem conservantes sintéticos.

Tanto os vinhos orgânicos, “naturais”, quanto os biodinâmicos permitem que as características do local em que foi produzido estejam presentes no sabor e aroma dos vinhos, garantindo um produto bastante autêntico. No entanto, vale ressaltar que para utilização destes sistemas de cultivo é necessário um forte controle de qualidade a fim de evitar contaminações, mas isto é tema para um próximo artigo… aguarde!!!

Quer saber mais sobre o universo vinífero? Acompanhe nossa série sobre vinhos!

Autor: Luísa Freire, Colunista do IRSFD:
Luísa é Engenheira de Alimentos e Doutora em Ciências dos Alimentos. É Pesquisadora Colaboradora da Unicamp com foco em Microbiologia de Processos e Termobacteriologia, Segurança dos Alimentos, Processos Fermentativos com amplo domínio em análises microbiológicas e análises físico-químicas, cromatografia, espectrometria de massas e análise de dados.

Fontes:

Texto:

Araujo, M. V.; Borges, M. C.; Callegaro-de-Menezes, D.; Bruch, K. L. Dinâmica da cadeia de valor do vinho orgânico. Rev. Bras. Vitic. Enol., n.8, p.116-122, 2016.

Hayashi Junior, P. Analise dos vinhos orgânicos brasileiros: posicionamento e perspectivas atuais e futuras. Cultura Agronômica, Ilha Solteira, v.25, n.1, p.01-16, 2016.

Freire, L. Ocorrência de Aspergillus e Penicillium e a correlação entre espécies ocratoxigênicas e uvas viníferas da região topical do Brasil. 2016. 155 p. Dissertação (Mestrado em Ciência dos Alimentos) – Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2016.

https://tecnologianocampo.com.br/agricultura-de-precisao/
https://www.artwine.com.br/edicoes/wine-style-3-biodinamica-uma-nova-filosofia.pdf

Foto: Banco de Fotos Luísa Freire e adaptação de Usplash.com

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