Alergênicos – Parte 4: VITAL® – Voluntary Incidental Trace Allergen Labeling

O mais importante trabalho do Allergen Bureau mostrado pela Stephanie (ver post Alergênicos – Parte 1: Responsabilidade Compartilhada noAllergen Bureau), foi concretizar o desenvolvimento do VITAL®, uma ferramenta de avaliação de risco de alergênicos para os produtores de alimentos, iniciado em 2004.
Para esta tarefa, o Allergen Bureau formou um painel de experts científicos, o VITAL® Scientific Expert Panel (VSEP), a fim de revisar dados científicos sobre os limiares de alergênicos alimentares. Esta revisão era crítica para poder fundamentar a tomada de decisões pelo produtor de usar (ou não) na rotulagem a declaração “pode ​​estar presente”, padronizada pelo VSEP, garantindo assim de fato a proteção  do consumidor alérgico.
Fonte: www.tcgffoodsafety.com

Antes de ser lançado, o VITAL® foi submetido a testes pilotos, considerados bem sucedidos e que “resultaram em uma equipe focada e cheia de energia”, segundo a palestrante. Lançado em junho de 2007, tem sido continuamente aperfeiçoado e aprofundado, consistindo atualmente dos seguintes materiais, além de outros apoios disponibilizados pelo Allergen Bureau:

  • VITAL®  Guide
  • VITAL® Calculator
  • VITAL® Allergenic Protein Level

Em julho deste ano será lançado o VITAL® Online, com várias melhorias feitas com base na contribuição de um grupo de usuários.


Stephanie concluiu sua palestra afirmando que:

•  O uso do Allergen Bureau VITAL®  está propiciando consistência à avaliação de riscos de alergênicos e está crescendo em todo o mundo
• A gestão de alergênicos continua a ser uma prioridade máxima de segurança de alimentos, que requer investimento contínuo em educação e processos
•  A Nestlé continuará a apoiar estas iniciativas de gestão de alergênicos de apoio à indústria em um ambiente pré-competitivo.

Para encerrar esta série de posts sobre a palestra da Stephanie sobre alergênicos e as pesquisas que fiz para aprofundar as informações por ela apresentadas, informo que os materiais da série VITAL® estão disponíveis para download no site allergenbureau.net, mas para obter o VITAL® Calculator você tem antes que se cadastrar no site, onde indicado.
Fonte: www.tcgffoodsafety.com

Alergênicos – Parte 3: Allergen Collaboration & Allergen Portal

Paralelamente ao trabalho do Allergen Bureau mencionado em post anterior, o FSANZ – Food Standards Australia New Zealand,  criou em 2011 o grupo Allergen Collaboration para fortalecer o engajamento e colaboração entre os atores envolvidos na gestão de alérgenos alimentares. Seus membros incluem representantes de fabricantes de alimentos, consumidores e governo, e se reúnem periodicamente para explorar medidas não regulamentares que podem melhorar a gestão de alérgenos alimentares.
Resultados até o momento: auditoria material de comunicação relacionado a alergênicos, desenvolvimento de uma série de mensagens-chave sobre a gestão de alérgenos alimentares para diversos setores da cadeia de alimentos e a criação do Allergen Portal,  alojado no site do FSANZ.


O Allergen Portal fornece acesso a informações sobre gestão de alergênicos para auxiliar as partes interessadas:
– indústria de alimentos (fabricantes, varejistas, serviços de alimentação e importadores)
– consumidores
– para creches e escolas
– para profissionais de saúde
– para organizações governamentais


Comentário meu: e no Brasil, temos algo semelhante?
Mesmo que tenha demorado algum tempo, a ANVISA agora está fazendo esforços para regulamentar a questão dos alergênicos no Brasil, tendo lançado em 2 de abril de 2014 a Consulta Pública nº 29/2014 para rotulagem de fontes de alergias ou de intolerâncias alimentares, obtendo recordes de respostas. Esta Consulta Pública prevê regras para as oito principais categorias de alimentos alergênicos: leite, ovos, amendoim, nozes, trigo (incluídos o centeio, aveia e cevada), crustáceos, peixes, soja. A proposta também prevê que os rótulos indiquem sua presença do alimento, no caso de ingrediente ser derivado destes alimentos alergênicos.
Em 6 de maio a ANVISA realizou a primeira uma audiência pública sobre rotulagem de alergênicos, com vários stakeholders presentes. Como a novidade surgiu a inclusão do látex e de coco (Cocos nucifera),  o que tem gerado controvérsias, já que estes alergênicos não fazem parte dos “big eight″ definidos pelo Codex Alimentarius. Mas vale lembrar que o látex pode fazer parte de gomas de mascar, de adesivos de embalagens para alimentos e há relatos de alergia ao coco.

Parece que estamos caminhando, certo?

Alergênicos – Parte 2: Como funciona o Allergen Bureau

Achei tão interessante o trabalho do Allergen Bureau, mencionado no post anterior, que decidi investigar como foi criado e como funciona.

O Allergen Bureau reuniu a colaboração de várias ONGs, entidades e agências governamentais que já trabalhavam direta ou indiretamente com alergênicos: a AFGC – fórum de estudo e discussão sobre alergênicos criado pelo Australian Food & Grocery Council, entidade que congrega indústrias de alimentos e varejistas, com objetivo de aumentar a competitividade do setor de alimentos e de outros bens de consumo; a ASCIA  – Australasian Society of Clinical Immunology and Allergy, uma ONG de médicos e profissionais especializados em alergias e imunologia clínica, o FSANZ – Food Standards Australia New Zealand, agência de governo bi-nacional da Austrália e Nova Zelândia, responsável pela legislação de alimentos compartilhada por esses dois países.

O Allergen Bureau contou também com o apoio fundamental da FIAL –  Food Innovation Australia. A FIAL é uma entidade custeada pelo governo, mas liderada pela indústria, com foco em novas oportunidades e construção de resiliência da indústria de alimentos e  de bebidas, bem como construção de vantagem comparativa em nichos de mercados-alvo no exterior.  Conforme afirma Dra Mirjana Prica, atual Diretora Executiva,  a FIAL “é o catalisador para um futuro seguro e de confiança para a indústria de alimentos e agronegócios na Austrália”.


Alergênicos – Parte 1: Responsabilidade Compartilhada no Allergen Bureau

O tema central da Conferência deste ano de 2015 foi responsabilidade compartilhada. Cada vez mais a comunidade da cadeia de alimentos entende que segurança de alimentos é bem comum que deve ser tratado pelos stakeholdersde forma compartilhada, já que envolve trocas ao nível global, e que a maioria dos problemas de segurança envolve ações que vão do campo à mesa, e o mais comum é que nem todos os elos desta cadeia encontram-se em uma mesma região, e muito menos sob uma mesma responsabilidade.
Stephanie Hart, Diretora Executiva de Operações da Nestlé Oceania, mostrou como um grande grupo de stakeholders da Austrália e Nova Zelândia, colocou em prática, de forma brilhante, este conceito da responsabilidade compartilhada, contribuindo não só para a melhoria da avaliação de risco para alergênicos na Austrália e Nova Zelândia, mas como disponibilizou para todo o mundo a ferramenta VITAL®, que será abordada em novo post.

Autor foto: Ellen Lopes

Stephanie explicou o cenário de alergênicos na Austrália e Nova Zelândia, que aponta que 1 em cada 10 bebês tem ou desenvolverá problema com alergia a certos alimentos.

Fonte: www.tcgffoodsafety.com    

Explicou ela que “a legislação na Austrália/ Nova Zelândia estabelece que qualquer um dos principais alérgenos alimentares devem ser rotulados quando presentes em um alimento (ingrediente, aditivo ou auxiliar de processamento ou de um componente de um destes): amendoins e nozes, cereais que contêm glúten, gergelim, soja, ovos, leite, peixes e crustáceos, sulfitos adicionados se mais de 10 mg/ kg no produto final. Os produtos obtidos a partir de qualquer destas substâncias devem também ser indicados, se forem utilizados”.
Na prática, para se resguardar de problemas, quando os fabricantes suspeitam de contaminação cruzada durante processo, ou quando não conseguem ter certeza sobre ausência de alergênicos provenientes de ingredientes/ aditivos, tem sido comum optarem por colocar no rótulo alertas do tipo “pode conter x, y , z …. alergênicos”, resultando em poucas opções para os consumidores que necessitam de produtos de fato sem tais alergênicos.
Para resolver este problema, o Australian Food & Grocery Council Allergen Forum, que já vinha estudando o problema de como apoiar os fabricantes a identificar se de fato o produto era isento de alergênicos provenientes de contaminação cruzada, em 2005 criou a ONG Allergen Bureau com o objetivo de compartilhar informações e experiências sobre a gestão de alergênicos alimentares entre as indústrias de alimentos, para assim garantir que os consumidores receberiam informações relevantes, consistentes e fáceis de serem entendidas.

O Allergen Bureau é um maravilhoso exemplo de cooperação interativa na forma de rede, entre concorrentes da indústria de alimentos, congregando desde empresas nacionais e multinacionais de fabricação de alimentos,  empresas de marketing, fornecedores, importadores, exportadores, varejistas e grupos de consumidores sobre como gerenciar os riscos de alérgenos alimentares na indústria visando a segurança dos consumidores. Conta com grupos de trabalho voluntário de várias indústrias (ex. Nestlé, Mars, Unilever), laboratórios, além de mais 24 membros e 17 associados em torno da missão: “Trabalhando juntos para conduzir iniciativas de gestão de alergênicos”. 



McCormick mostra que ainda há que se promover e apoiar mais o GFSI

Han HaiZhou, Diretor de Garantia da Qualidade da McCormick Ásia, mostrou que, apesar da evolução representada pelo processo de harmonização estabelecido pelo GFSI, os clientes de sua empresa vêm exigindo auditorias de múltiplos sistemas de segurança de alimentos e qualidade. Fato curioso, e eu diria até surpreendente, é que esta exigência parte também de algumas empresas que são apoiadoras da iniciativa do GFSI.

A McCormick da Ásia, pertence ao grupo McCormick, com sede em Baltimore, Maryland, Estados Unidos. Fabrica temperos, ervas e aromas para o varejo, e ingredientes para inúmeras indústrias de alimentos. É responsável por criar soluções de sabor personalizados para 9 dos 10 maiores fabricantes de alimentos multinacionais, e 8 das 10 maiores redes de foodservicedo mundo.

Autor foto: Bailey Thomas – www.mygfsi.com
HaiZhou discorreu primeiramente sobre os fundamentos do sistemas da qualidade e segurança de alimentos da McCormick, que como pode se percebido no slide abaixo, são de maneira geral os mesmos adotados pelas empresas que seguem bons sistemas de segurança de alimentos.

Fonte: www.mygfsi.com


HaiZhou relatou resultado de uma avaliação comparativa dos requisitos exigidos pelos seus clientes, concluindo que cerca de 85% destes requisitos são comuns para todos estes diferentes sistemas e para o sistema da McCormick.



HaiZhou mostrou  também que  os 15% de requisitos diferentes em geral se deve a dois fatores: requisitos específicos da legislação do país (ou região) do produtor e do país (ou região) do cliente, ou a requisitos “adicionais” específicos da empresa cliente.


Fonte: www.mygfsi.com

Meu comentário: as diferenças devido à legislação e regulamentos seria lógico de se prever, pois é sabido que há diferenças previstas no Tratado de Barreiras Técnicas e no Acordos Sanitários e Fitossanitários (SPS, em inglês), conforme necessidade específica imposta pela realidade de diferentes  países e ou regiões, o que é considerado apropriado, sempre que não se constituam em barreiras técnicas. Vale observar que todas as normas harmonizadas pelo GFSI sempre estabelecem que o respeito à legislação/ regulamentação.

Ao final de sua palestra, HaiZhou fez um apelo aos seus clientes de que aceitem as certificações de suas fábricas, pois estas são baseadas em normas reconhecidas pelo GFSI. Mostrou ele que isso diminuiria muito o fardo das mais de 20 auditorias por ano, deixando que os clientes gastem esforços somente nos requisitos que de fato sejam adicionais.

Relembro aqui o lema do GFSI: “Certificado por um*, reconhecido por todos”, e me permito comentar que por vezes observa-se uma certa incoerência de algumas empresas que apoiam, e até participam do  GFSI, mas que na prática continuam a exigir alinhamento com sistemas próprios, ou induzindo seus fornecedores a implementar sistemas de sua preferência.

Por quê isso ocorre? Até onde conheço, entendo ser por desconhecimento do próprio sistema de harmonização do GFSI. Ou por desconhecimento das outras normas/ esquemas. Outra hipótese é a natural tendência de ater-se ao paradigma do conhecido sem sequer questionar e conhecer novos outros paradigmas possíveis. Claro que há pequenas diferenças entre as normas/ esquemas que podem ser ou não vantajosas sob algum ponto de vista. Mas sem conhecer tais diferenças, a adoção de uma norma/ esquema apenas porque os responsáveis se colocaram “no piloto automático”, me parece uma acomodação sem nenhum mérito, que pode em certos casos implicar na escolha do caminho de maior gasto, e não o de melhor resultado, como pode parecer à primeira vista.

* um aqui significa esquema ou norma

Fonte: www.mygfsi.com


Após justificada ausência, volto a publicar posts da Conferência 2015 do GFSI

Repentinamente, minha agenda, que estava mais tranquila, voltou a ficar lotada de compromissos, dentre os quais dois webnars, um para o Brasil, e outro para a América Latina, além de um Workshop presencial, todos realizados em parceria com a DNV GL Brazil.
A DNV GL Brazil, assim como a Food Design, têm como ponto forte a constante atualização de suas equipes, sendo que ambas empresas consideram essencial sua participação nas Conferências do GFSI, que já acompanham  desde 2009.

Ambas empresas partilham a crença de que segurança de alimentos é bem comum, e por isso têm compartilhado os aprendizados capturados nestas Conferências com a comunidade da cadeia de alimentos.


Comitê de Segurança de Alimentos da APAS coordena Programa Global Markets GFSI no Brasil

Conforme já informado em post anteriores, o Programa Global Markets é uma iniciativa focada nacapacitação de pequenas empresas, ou em empresas menos desenvolvidas, lançado pela GFSI (Global Food SafetyInitiative) , que consiste na abordagem passo a passo para implementar os requisitos das normas/ esquemas de gestão da segurança alimentos reconhecidas pelo GFSI, desde um nível mais básico, até o nível no qual a empresa atinge o nível de certificação.

Em paralelo a esta abordagem, cria-se um sistema de aceitação mútua ao longo da cadeia de abastecimento, assim facilitando o acesso aos mercados locais e ou internacionais.
Segundo pesquisas já realizadas pela GFSI, a adoção do Programa Global Markets traz uma série de vantagens, sendo o ganho de mercado e a redução das múltiplas auditorias as maiores delas.

O Comitê de Segurança de Alimentos da APAS abraçou o desafio de coordenar no Brasil o Programa Global Markets  GFSI.

Reunião do Comitê Técnico do Programa Global Markets. Em pé: Márcia Rossi, coordenadora deste Comitê.
Foto enviada pela APAS
A Coordenação Geral do Programa e seu Comitê Técnico já estão definidos, tendo sido realizada a primeira reunião inaugural.
A Coordenação Geral  está a cargo de Ellen Lopes, da Food Design, com o apoio da ONG IRSFD.

O Comitê Técnico conta com seis membros, coordenados por Márcia Rossi do Walmart, que aparece na foto acima coordenando reunião do Comitê Técnico. A tarefa inicial do Comitê Técnico é consensar itens adicionais que serão complementares ao núcleo central do Programa Global Markets.

O Associado que quiser acompanhar como observador os trabalhos do grupo, pode entrar em contato pelo email apasprogramaglobalmarkets@apas.com.br.

Programa Global Markets – um caminho para acesso ao mercado e à certificação – Parte 3

Para fechar o assunto do Programa Global Markets do GFSI, vou expor as vantagens do Programa apresentadas pela Michelle durante sua palestra na Conferência.Michelle afirmou que “muitas empresas compradoras têm apoiado o Programa, o que alavanca o desenvolvimento de negócios e estimula o comércio local, regional e internacional. As vantagens abrangem os diferentes stakeholders da cadeia de alimentos, conforme a seguir:

  • Varejistas, proprietários ou não de marcas própria, para fabricantes em geral e para food service

A implementação de normas reconhecidas pelo GFSI implicam na adoção de ferramentas eficazes de gestão de risco, que resultam em proteção para as marcas. 


A adoção do Programa Global Markets gera convergência entre as cadeias de fornecimento, poupando recursos, melhorando as relações entre os diferentes atores, permitindo ganhos no processo de compras.O Programa permite às empresas compradoras evidenciar que pequenas empresas, ou empresas com menor desenvolvimento atendam a princípios fundamentais de segurança de alimentos, servindo como uma verdadeira via de acesso ao mercado, em qualquer lugar do mundo.

  • Governos e entidades regulatórias

O Programa promove colaborativamente o cumprimento da legislação,impulsiona o setor privado no cumprimento da legislação, e permite melhor alinhamento das abordagens públicas e privadas.


É um sistema completo de gestão da segurança de alimentos da cadeia de fornecimento, que serve como uma plataforma para a implementação e melhoria contínua da segurança de alimentos  de empresas regionais.
  • Fornecedores

Pesquisas demonstram que empresas certificadas são mais disciplinadas, eficientes e lucrativas e que a melhoria contínua é promovida.


A implementação da segurança de alimentos fornece evidências em casos de defesa legal.


Programa Global Markets – um caminho para acesso ao mercado e à certificação – Parte 2

Os Toolkits disponibilizados pelo GFSI
O GFSI desenvolveu “kits de ferramentas” para o Programa GFSI Global Markets, lançados em 2011 (versão para indústria) e 2012 (versão para produção primária) para oferecer referencial da abordagem passo-a-passo para a implementação de requisitos de  segurança de alimentos. Durante a Conferência, foi informado que o Programa está sendo revisado, e que a nova versão está prevista para ser lançada em abril próximo


O programa é baseado em requisitos fundamentais extraídos do Guia GFSI (Guidance Document), e, principalmente, nos princípios gerais estabelecidos pelo Código de Prática de Higiene Alimentar do Codex Alimentarius (CAC / RCP 1-1969, Rev 4-2003).

Onde você encontra este documentos?
No site do GFSI  www.mygfsi.com/market-access/toolkits.html, disponíveis em inglês e japonês.

Existe em Português?
A IFS, colaborando com o mercado brasileiro está disponibilizando a tradução em português.
Para obter a tradução fale com Caroline Nowak, representante do IFS no Brasil, fone +55 (0)67 9 8151 4560, ou email: cnowak@ifs-certification.com

Capa do livro IFS Global Food Markets Food (Alimentos)

Treinamento para o Programa GFSI Global Markets
A GFSI não realiza programas de treinamento, nem publicou materiais de treinamento.

Mas se sua empresa precisar, a Food Design conta com todo o know how necessário ,tanto para treinamento, como para consultoria, tanto para empresas individuais, como para grupos de empresas. Para obter informações, ligue para Sérgio Carminatti +55 11 3120 6965 R. 25 ou email: sergio.carminatti@fooddesign.com.br

Novos escopos
Além dos já estabelecidos foram anunciados novos escopos:

Aguarde a terceira e última parte para breve!


Errata post: bioMérieux + CEERAM

Mil perdões aos leitores, à 3M e à bioMérieux, e meus agradecimentos à sempre atenta Juliane Dias,  que percebeu meu erro: a CEERAM foi adquirida pela bioMérieux, como estava no texto, e não pela 3M, como estava no título. Já fizemos a correção no post.

Programa Global Markets – um caminho para acesso ao mercado e à certificação – Parte 1

No 1o dia do evento, houve uma “Induction Session”, que é uma sessão especial pré-evento para discutir aspectos mais básicos para o público que ainda não está familiarizado com o que é o GFSI – Global Food Safety Initiative.  Como muitos dos leitores do blog já estão familiarizados com estes aspectos básicos, preferi abordar aspectos que me pareceram mais relevantes. Caso haja leitores que desejem que eu aborde em próximos posts esta parte mais básica, é só enviar solicitação na parte “Comentários” ao final deste post, ou escrever para fooddesign.com.br
Assim sendo, vou abordar a palestra feita por Michele Shewmaker sobre Programa Global Markets. Michele é Gerente Sênior de Supplier Food Safety-Compliance do Wal-Mart, Estados Unidos, e tem trabalhado ativamente neste Programa.

Michele Shewmaker, Wal-Mart, Estados Unidos e Ellen Lopes, Food Design
Direitos da foto: Ellen Lopes
O Programa Global Markets é uma iniciativa focada na capacitação para pequenas empresas, ou empresas menos desenvolvidas, lançada pelo GFSI, que consiste em uma abordagem passo a passo para implementar os requisitos das normas/ esquemas de gestão da segurança alimentos reconhecidas pelo GFSI.
Através desta abordagem, fica mais fácil para as empresas terem acesso aos mercados locais e ou internacionais, através de um sistema de aceitação mútua, criado ao longo da cadeia de abastecimento. Foi desenvolvido tanto para produção primária como para fase industrialização de alimentos.
O programa consiste em três fases, e fornece “ferramentas” para ajudar as organizações a compreenderem e implementarem o Programa. Este conjunto de ferramentas está disponível para download em www.mygfsi.com
As três fases do programa são definidas como segue:
Fase 1: Nível básico – requisitos mínimos de Segurança de Alimentos GFSI fundamentais para serem implementados pela empresa em um período de doze meses.
Fase 2: A empresa deve avançar para o próximo nível, onde uma segunda série de requisitos de segurança de alimentos GFSI requisitos deve ser implementada dentro de um período de 12 meses.
Fase 3: Após este período de dois anos, a empresa deve ser capaz de avançar para a certificação completa para um esquema reconhecido pelo GFSI.


Fonte: GFSI
Para ficar mais claro indicamos os passos para a implementação, conforme esquema mostrado por Michelle.



bioMérieux + CEERAM = mais facilidade na detecção de vírus

Depois de alguns dias na fabulosa Tailândia, estou novamente em Barcelona. Vim para cá via Cingapura, pela Singapore Airlines, que recebeu de minha parte mais uma vez nota 10. Fiquei fã da empresa!

Vou começar hoje a série de posts técnicos, iniciando por um assunto que me impressionou numa conversa que tive com Frédéric Simon no stand da bioMérieux (os stands de expositores ficavam num salão ao lado). Frédéric é Vice-Presidente dessa empresa, que tem sede na França e é líder mundial em diagnósticosin vitro na área de microbiologia para indústrias agro-alimentares, cosméticos e bio-farmácia, mantendo também forte presença no Brasil.

Frédéric Simon – VP, Industry and Food Franchise Director -bioMérieux
Foto: Ellen Lopes

Frédéric me explicou que a aquisição recentemente anunciada da CEERAM – (European Centre for Expertise and Research on Microbial Agents) por sua empresa teve o objetivo de expandir o portfólio de análise de alimentos com os kits de detecção molecular de vírus, da marca ceeramTools®, disponíveis para Norovirus (NoV)  G1, Norovirus (NoV) G2, Hepatite A  (HAV), Hepatite E (VHE), Enterovirus, Rotavirus e Astrovirus, entre outros.


Fonte: site da CEERAM
E por que isso me impressionou? Porque geralmente, ao fazermos um estudo de APPCC/HACCP para agentes microbiológicos, concentramos nossa atenção nas bactérias patogênicas, em suas toxinas e nas micotoxinas, deixando de lado os vírus. Mas é sabido que o número de infecções por vírus superam em muito o número das infecções bacterianas. Na minha visão, isso tem acontecido porque acreditamos que seus efeitos tendem a ser mais brandos, porque as formas de prevenção são as mesmas consagradas para agentes bacterianos e, acredito que adicionalmente, pela dificuldade de verificação.
Mas temos que mudar esta forma de pensar, pois o Codex Alimentarius, com base  em dados de vários países, afirma que “nos últimos anos, os vírus têm sido cada vez mais reconhecidos como importantes causas de doenças veiculadas por alimentos (..). HAV* e rotavírus**s têm sido identificados como os principais vírus transmitidas por alimentos, podendo causar doenças graves e mortalidade significativa”.
Assim, a possibilidade de contar com métodos rápidos de detecção de vírus vem ao encontro da necessidade de passarmos a focalizar também os agentes virais nos nossos estudos de APPCC/HACCP. Além disso, os kits facilitarão a identificação de surtos e pesquisas por parte dos setores privado, governamental e acadêmico.

* e ** – nota para quem quer saber como estes vírus se propagam
Os vírus entéricos humanos, como o NoV e o HAV, são muito infecciosos, sendo a via de transmissão mais comum a propagação de pessoa a pessoa. Disseminação secundária pode ocorrer, por exemplo, pela contaminação de alimentos que não tenham passado por processos térmicos, ou que tenham sido recontaminados, podendo ampliar e prolongar o surto. Podem ser também transmitidos indiretamente, via contaminação da água e das superfícies.
Outros vírus, tais como o rotavírus, o vírus da hepatite E (VHE), o astrovirus etc. podem também ser transmitido por alimentos, e há também alguns vírus (vírus zoonóticos), que são transmitidos de animais para humanos.
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