Global Markets Brasil – Parte 2

Pela primeira vez uma apresentação formal de uma trabalho do Brasil na GFSC
Dando continuidade ao post anterior, vou primeiramente mostrar o vídeo “The Global Markets Journey”, sobre o Programa Global Markets, produzido pela 3M, e depois falar das vantagens do Programa, de sua da aceitação mundial e de resultados.

Vídeo The Global Markets Journey – realização 3M

                                          
Vantagens e benefícios
O Programa Global Markets tem uma estrutura que facilita e promove a aceitação mútua ao longo da cadeia de abastecimento, disponibilizando ferramentas eficazes de gerenciamento de risco, criando um movimento de convergência. Este movimento reduz custos, melhora o relacionamento do mercado, permite a simplificação das compra e propicia ainda oportunidade de harmonização das abordagens públicas e privadas. Vantagens mais específicas para:

Fornecedores

  • manutenção de clientes
  • ganho de novos clientes
  • acesso facilitado ao comércio local, regional e internacional
  • empresa conquistar certificação
  • mais facilidade de orientação e de treinamento
  • estrutura facilitada para defesa legal
  • maior facilidade no cumprimento da legislação
  • diminuição do número e tipos de auditorias
  • melhoria da cultura de segurança de alimentos
Varejo

  • contar com listagem de fornecedores sabendo do seu nível de evolução
  • parceria com fornecedores confiáveis
  • maior credibilidade
  • aumento de fornecedores com certificação
  • redução de recall
  • melhoria da segurança dos produtos
  • reconhecida aceitação internacional 

Sociedade e consumidores
  • melhoria da segurança de alimento
  • aumento de negócios entre fornecedores e compradores
  • aumento da possibilidade de exportação
  • redução de quebras
  • reduzir problemas com fiscalização
  • maior disponibilidade de alimentos seguros em qualquer lugar
  • maior eficiência da cadeia de abstecimento

Certificadoras
  • ganho de mercado
Consultorias e empresas de treinamento:
  •  ganho de mercado
Governos e órgãos reguladores
  • aumento da conformidade com a legislação e regulamantação
  • maior eficiência no processo regulatório e fiscalizatório.

Aceitação do Programa Global Markets da GFSI no mundo
O Programa Global Markets tem sido aclamado pelos stakeholders da GFSI como uma de suas principais realizações. Desde seu lançamento, o Programa Global Markets tem sido adotado por empresas em todo o mundo como uma solução de segurança de alimentos simplificada para as pequenas empresas, facilmente aplicável e que auxilia o desenvolvimento nos mercados locais.
Ao longo das Conferências anteriores, bem como durante o Painel do qual participei desta Conferência de 2016, foram mencionadas muitas iniciativas de apoio e promoção do Programa Global Markets em todo o mundo. No quadro abaixo, são mostrados vários exemplos de empresas, de grupo de empresas, de iniciativas público-privadas, que se organizaram para apoiar a implementação do Programa, onde destacamos a iniciativa do das empresas Cargill, Mondelez, General Mills-Yoki, Kellog’s, Coca Cola e Marz, que desenvolverem e promoveram treinamentos para gestores em Global Markets, e que compartilharam este material com o  grupo Global Markets Brasil APAS, do qual falarei em próximo post.

Fonte: Global Food Safety Conference, 2016

Ferramentas
A lista de requisitos já mencionada na Parte 1 (post anterior) e um guia de orientação, baseados principalmente nos Princípios Gerais de Higiene do Codex Alimentarius compõem as ferramentas disponíveis. 
Nota: o Grupo Global Markets Brasil APAS vai providenciar sua tradução neste semestre.
Resultado de pesquisa do Banco Mundial
O Grupo de Avaliação Independente do Banco Mundial encomendou uma pesquisa em profundidade, realizada em 16 empresas de alimentos participantes do Programa da empresa Metro na Ucrânia, dempresas estas de pequeno a médio porte. O resultado foi muito animador: 83% das empresas respondentes afirmaram ter aumentado suas práticas de segurança de alimentos, tiveram aumento das vendas, da rentabilidade e afirmam ter com isso atraído mais investimentos.
E afinal, o que foi apresentado durante a Conferência sobre o Programa Global Markets Brasil?
Espero que você esteja curioso/a. Aguarde próximos posts, onde você vai ficar sabendo tudinho a respeito.
Agradecimentos
A 3M pelo vídeo The Global Markets Journey.
Autor: Ellen Lopes, Food Design & IRSFD.

Se você aceitou o desafio proposto na Parte 1 deste assunto, no post anterior, as vantagens que você identificou batem com as aqui relacionadas?
Se você não leu o post anterior, que você acha das vantagens oferecidas pelo Programa Global Markets aqui enumeradas?
Se você não comentou, comente. Estamos na era da colaboração, e sua opinião é preciosa.
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Global Markets Brasil – Parte 1

Pela primeira vez uma apresentação formal do Brasil na GFSC

Hoje começo a comentar sobre a apresentação, que com muita honra fiz, como parte do Painel sobre o Programa Global Markets da GFSI, Programa este abraçado no Brasil pela APAS – Associação Paulista de Supermercados, numa iniciativa do seu Comitê de Segurança de Alimentos, a quem muito agradeço a colaboração.

Este painel foi coordenado pela Cindy Jiang, Diretora Senior de Segurança de Alimentos , do Corporativo do Mc Donald’s, Estados Unidos.

Fonte: Programa da Global Food safety Conference, 2016


O Global Markets Brasil foi o primeiro trabalho brasileiro aprovado para apresentação formal nas conferências globais da GFSI (Global Food Safety Initiative), tendo sido inscrito por Ellen Lopes (Food Design & IRSFD), Márcia Rossi (Walmart Brasil) e Paulo Pompílio (GPA, do grupo Casino). Como Márcia e Paulo não puderam ir, eu fiz a primeira parte da apresentação, e Natalie Dyenson, do Walmart dos Estados Unidos, fez a complementação, representando  a Márcia Rossi.

Antes de mostrar como foi nossa apresentação em mais detalhes, o que ficará para um próximo post, penso que é importante explicar o Programa para quem ainda não o conhece, e como o Global Markets vem se fixando como um pilar fundamental para o desenvolvimento segurança de alimentos nas cadeias de suprimento globais.

O que é o Global Markets?
O Global Markets é um programa desenvolvido pela GFSI, que visa facilitar empresas de alimentos pequenas ou menos desenvolvidas (PME), a como enfrentarem o desafio da segurança de alimentos, de forma que possam ampliar seu acesso a mercados nacionais ou internacionais. Ao enfrentar este desafio, simultaneamente serão reduzidos os riscos nas cadeias de fornecimento global de alimentos.

Princípio fundamental
Este Programa parte do princípio que segurança de alimentos não é vantagem competitiva, e sim uma responsabilidade compartilhada por todos os stakeholders da cadeia.

Estratégia
A estratégia adotada pela GFSI foi estabelecer requisitos mínimos para estas empresas implementarem sistemas de segurança de alimentos, de forma paulatina, passo a passo, visando sua melhoria contínua, até estarem aptas a atingir o estágio de certificação acreditada, por uma das normas ou sistemas reconhecidos pela GFSI. O ponto de entrada fica a critério da empresa entrante, podendo ser no nível Básico, ou no Intermediário. Assim que julgar ter atingido os requisitos do nível escolhido, a empresa pode pedir a realização de uma auditoria não certificada para um prestador de serviço credenciado para este fim, ou para as certificadoras.

A figura abaixo ilustra como funciona esta implementação escalonada, sendo o tempo indicado em cada passo, apenas uma estimativa de tempo médio.

Fonte: Adaptação das informações do site do GFSI.

Escopo
O Programa Global Markets foi desenvolvido até o momento para estes dois escopos:
I)  Indústria: processamento de produtos primários ou fabricação de alimentos processados
II) Produção primária: agricultura de plantas, grãos e leguminosas.
O Global Markets Brasil, abraçado pela APAS, cobre por ora o escopo Indústria.
Versão em português
Estes requisitos estão na segunda versão, e estão disponíveis no site da GFSI, em inglês e japonês. O Global Markets Brasil está construindo um site, onde a tradução em português, gentilmente cedida pela IFS, estará disponível para os interessados, mediante  cadastramento. Quem tiver interesse em ser avisado sobre o lançamento do site, por favor escreva para ellen.lopes@irsfd.org.br
As normas/esquemas reconhecidos pela GFSI
No caso da indústria, no Brasil, a maior demanda se concentra atualmente nas normas IFS, FSSC 22000.  Se você quiser conhecer todos as normas ou esquemas reconhecidos, acesse o site da GFSI.
Quais as vantagens? Como tem sido a aceitação?
Aguarde a Parte 2.
Autor: Ellen Lopes, Food Design & IRSFD.
O que você acha do Programa Global Markets? Sua empresa já conhecia? Que vantagens você acha que o Programa traz para as empresas e para o Brazil?

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Segurança dos alimentos de orgânicos é melhor? Mito ou verdade? Parte 2 – Contaminação química

Dr. Friedrich-Karl Lücke abordou também a questão da contaminação química de orgânicos X “convencionais”.
Agrotóxicos
Dr. Friedrichabordou alguns outros contaminantes, mas deu, e eu também darei aqui maior foco aos agrotóxicos, que é onde pairam mais dúvidas, pelo menos para mim.
Como é de se esperar, muitas são as evidências de que os alimentos orgânicos contêm muito menos contaminantes agrotóxicos do que alimentos convencionais, conforme pode-se observar nos slides.

No primeiro slide é mostrada que a redução de resíduos acima do LoD, limite de detecção, obtida no sistema de agricultura orgânica foi de até 94% (dados compilados por Smith-Spangler e pelo USDA – United States Department of Agriculture).


Palestra Dr. Friedrich-Karl Lücke Friedrich.
Fonte: site da Conferência.

No segundo slide, podemos ver dados coletados pelo Laboratório Oficial de Inspeção do Estado de Baden-Würtemberg, da Alemanha, onde se nota que nos caso de vegetais orgânicos, os resíduos abaixo do limite de detecção (LoD) é de 65% , contra somente 8% no caso de produção “convencional”.

A área em vermelho mostra o porcentual de produtos com resíduos acima da tolerância legal.
Palestra Dr. Friedrich-Karl Lücke Friedrich.
Fonte: site da Conferência.

“Esta menor incidência de agrotóxicos nos alimentos orgânicos de fato significa uma melhor saúde dos consumidores?”
Este era um ponto que há algum tempo eu gostaria de discutir com algum renomado expert, pois até onde tenho pesquisado, não há evidência consistente e confiável da correlação positiva entre uso de menor quantidade de agrotóxicos versus  melhoria da saúde de humanos, e então fiz esta pergunta ao Dr. Friedrich. Sua resposta foi não há evidência de que esta menor incidência de agrotóxicos nos alimentos tenha impacto na saúde e ou em aumento da longevidade dos consumidores. Apenas do ponto de vista teórico, acredita-se melhor ter menos contaminantes do que mais contaminantes em um alimento”.
Lembrou ele ainda que “contaminação zero”, desejada por muitos consumidores não é viável, pois em geral existe algum grau de contaminação por agrotóxicos utilizados em campos vizinhos. E acrescentou: “é difícil comunicar ao consumidor que “zero” depende da sensibilidade dos métodos analíticos.
Minhas considerações
Há muita controvérsia sobre os benefícios da contaminação baixa por agrotóxicos nos orgânicos. O consumidor leigo julga que isso traz benefícios para sua saúde ou maior longevidade. Mas, mais uma vez, à luz da ciência atual, isso não se sustenta.
Assim, minha conclusão é que os orgânicos continuam sendo mais importantes mais do ponto de vista sócio-econômico, do que efetivamente do ponto de vista da segurança de alimentos. Vale entretanto observar que esta minha conclusão é válida, desde que sejam usados agrotóxicos científica e legalmente liberados para as diferentes culturas, usados na forma e limites quantitativos estabelecidas, além de se respeitar a carência estabelecida antes da colheita.
Razões da aversão ao uso dos agrotóxicos pelos leigos
Várias são as causas que podem causar a aversão ao uso dos agrotóxicos pelos leigos. Uma delas é o conhecimento da elevada incidência no Brasil do mau uso dos agrotóxicos. Parece ser que isso vem melhorando, ainda que em ritmo lento. Dentre os esforços que estão sendo feitos, mostro aqui dados e 2011 e 2012 do PARA – Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos, realizado pela Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, para que você possa comparar a evolução.

Fonte: RELATÓRIO DE ATIVIDADES DE 2011 E 2012, ANVISA

Em 2011, foram encontradas 36% de amostras insatisfatórias, ou seja, resultados com quantidade de agrotóxico acima do LMR legal (Limite Máximo de Resíduo), ou uso agrotóxico não permitido legalmente, dentre os diversos produtos analisados.

Em 2012, houve uma pequena redução da porcentagem de amostras insatisfatórias: foram encontradas 29% de amostras insatisfatórias, ou seja, com quantidade de agrotóxico acima do LMR legal (Limite Máximo de Resíduo), ou uso agrotóxico não permitido legalmente, dentre os diversos produtos analisados.
Penso que também eu deva mencionar outro fator que pode leva/ levou a muitos dosa resultados insatisfatórios: a falta, durante décadas, de regulamentação de agrotóxicos para “minor crops”, ou seja, culturas de menor significado econômico. Mas felizmente o cenário está mudando: houve um significativo avanço nesta regulamentação, com a publicação da Normativa Conjunta INC 01/ 2014. Esta Normativa resultou de um grande trabalho feito conjuntamente pelo Mapa – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a Anvisa e o Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, cobrindo cerca de 80 “minor crops”, possibilitando aos produtores terem um balizamento técnico legal sobre o que usar e como usar.
Entretanto lembramos que ainda há várias outras culturas para as quais há carência de orientação legal. A previsão era de que outras 47 culturas seriam incluídas nos próximos meses, a partir da publicação da INC 01/2014, mas os produtores e a sociedade continuam no aguardo.
Autor: Ellen Lopes, Food Design & IRSFD.

Mais uma vez perguntamos ao leitor: segurança dos alimentos de orgânicos é melhor que dos “convencionais”? Mito ou verdade? Comente suas conclusões sobre contaminação química.

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Segurança dos alimentos de orgânicos é melhor? Mito ou verdade? Parte 1 – Contaminação microbiológica


Dr. Friedrich-Karl Lücke, Professor de Microbiologia dos Alimentos e de Gestão de Segurança e Qualidade de Alimentos da Universidade de Ciências Aplicadas de Fulda, Alemanha, mostrou dados de revisão da literatura científica sobre a presença de perigos em alimentos orgânicos em comparação com os alimentos convencionalmente produzidos, que de ora em diante denominaremos de “convencionais”.


Dr. Friedrich-Karl Lücke

Fonte da foto: http://www.ikv.uu.se/Education/Internationalization/    

Dr. Friedrich é também membro de várias comissões e grupos de trabalho sobre higiene alimentar e padrões microbiológicos.
Contaminação microbiológica
Segundo revisão do Dr. Friedrich, na prática  não há grandes diferenças significativas na prevalência de contaminação por bactérias patogênicas (tais como Salmonella, Campylobacter) ou agentes zoonóticos em alimentos de origem animal nos orgânicos X “convencionais”, conforme slide abaixo, embora na produção orgânica fosse teoricamente esperado que essa contaminação pudesse ser maior, já que os animais ficam mais expostos, posto que são mantidos mais ao ar livre.

Palestra Dr. Friedrich-Karl Lücke Friedrich.

Fonte: site da Conferência.



As pesquisas também indicam que o uso de fertilizantes orgânicos não aumenta a taxa de contaminação de produtos frescos por patógenos entéricos, desde que estes fertilizantes orgânicos sejam obtidos através de BPAs – Boas Práticas Agrícolas (em inglês: GAP  – Good Agricultural Practices). De acordo com as BPAs, os resíduos orgânicos devem ser decompostos por fermentação anaeróbica durante processo de  compostagem para obter  o húmus, para não haver problemas com patógenos.
Embora tenha havido surtos de infecção por E. coli STEC (produtoras de toxina Shiga) em vegetais orgânicos, as causas estão relacionadas a flagrantes violações às as BPAs, concluindo-se portanto que não é o não o sistema de agricultura (Marine et al. 2015), e sim falhas de BPAs as causas de tais surtos.
Aqui vai uma relação de algumas lições aprendidas a partir de estudos de surtos de E.coli STEC em vegetais orgânicos:
  • nunca usar água contaminada por fezes humanas ou animais para irrigação
  • respeitar prazo adequado para aplicação de estrume antes da colheita -prazo deve ser suficiente para inativação dos patógenos
  • cuidar da higiene dos manipuladores para não haver contaminação
  • evitar a presença de animais selvagens na plantação.

Menor uso de fungicidas resultaria em presença de mais micotoxinas?
Não. Toxinas produzidas por Fusarium (fumonisinas e os tricotecenos são as mais comuns) são frequentemente encontradas em baixas concentrações em cereais. Restrições o uso de fungicidas e inseticidas nos cultivos orgânicos não levam a uma maior prevalência destas toxinas em produtos derivados de cereais orgânicos, como se poderia pensar. Isto se explica porque na agricultura orgânica, os fungos e os insetos são controlados pela rotação de culturas, ou porque a restrição ao uso  de fertilizantes nitrogenados reforça os mecanismos de defesa contra ataque de fungos.

Aguarde a Parte 2, sobre Contaminação química.

Autor: Ellen Lopes, Food Design & IRSFD.

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Agora é com você: afinal, segurança dos alimentos de orgânicos é melhor que dos “convencionais”? Mito ou verdade? Comente suas conclusões. 
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Programação surpreendeu – Destaques continuação – parte 2

Um tema bastante atual e pertinente foi tratado no painel “Big Data”. Este tema, talvez não muito familiar e compreendido por nós técnicos, foi abordado com muita propriedade por especialistas como Jeffrey Welser da IBM Research e John Besser do CDC, ambos dos Estados Unidos, que mostraram como “Big Data” pode revolucionar a gestão da segurança de alimentos, através do uso de vigilância genômica, que já é realidade e já está transformando nossa capacidade de detectar e resolver problemas de segurança de alimentos.
Representantes das entidades regulatórias tais como Mike Taylor do FDA e Michael Scannel da European Commission DG SANTE (Comissão da União Europeia para Saúde e Segurança de Alimentos) também surpreenderam:  durante  as primeiras GFSCs, a presença das autoridades públicas era rara, mas agora, participaram ativa e colaborativamente em vários painéis de debate, com uma mensagem clara: certificações reconhecidas pela GFSI podem, ou poderão em breve, ser consideradas em suas avaliações de risco.
Além destes destaques, pudemos ouvir de vários palestrantes sobre sua experiência pessoal quando estiveram no
olho do furacão de grandes crises de segurança de alimentos.
Fato importante a ser mencionado, é ausência de autoridades brasileiras, da área regulatória ou pertencentes a organismo de acreditação, nem como palestrante, pode ser verificado no Programa Oficial clicando aqui, nem como participante inscrito, como constatou quem participou e recebeu a listagem dos inscritos. Nota de louvor há que se fazer para as Forças Armadas, que enviaram a Tenente Coronel Fernanda Peixoto, que sabemos ser extremamente atuante em segurança de alimentos.

Autor: Ellen Lopes, Food Design & IRSFD.

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Programação surpreendeu – Destaques parte 1


O programa de 2016 começou com a apresentação padrão de “Introdução ao GFSI 2016”, e foi evoluindo num crescendo até  chegar em assuntos super interessantes,  e por vezes desafiadores, ou até extraordinários:  segurança de insetos como fonte de proteínas, crises de segurança de alimentos sob a ótica dos veículos de comunicação, Big Data a serviço da segurança de alimentos, o desafio de agregar a segurança de alimentos como valor cultural, e ao final,  uma surpreendente palestra sobre mega tendências, abordadas de maneira espetacular pelo brilhante futurologista Adjiedj Bakas (http://www.bakas.nl/).

Para dinamizar, e por vezes até polemizar as apresentações, neste ano foi convidado  no papel de moderador, o renomado jornalista Adam Shaw da BBC  (https://twitter.com/ad8amshawbiz).
Fotos várias, onde se vê o entrevistador Adam Shaw – Fonte: site da Conferência

Oradores de altíssimo nível se alternaram no palco, representando os diferentes stakeholders que influenciam a segurança da cadeia de alimentos, tais como Thomas Heilmann, Senador de Berlim para a Justiça e Defesa do Consumidor; o Prof. Dr. Dr. Andreas Hensel, do BfR  (Instituto Federal de Avaliação de Risco da Alemanha); experts de organizações internacionais produtoras de alimentos ou bebidas como The Coca Cola Company, Nestlé, Danone e Cargill; experts da cadeia de food service como Cindy Jiang do McDonald’s; representantes dos esquemas/ normas de certificação como IFS, BRC e FSSC 22000; representantes dos organismos de acreditação de vários países e ainda e vários cientistas como Chris Elliott, Professor Diretor Executivo da Faculdade de Medicina, Saúde e Ciências da Vida de Belfast, Irlanda;  e Emmett Dedmon, Professor de Administração Pública da Universidade Northwestern de Illinois, Estados Unidos.
Continua no próximo post – parte 2.
Autor: Ellen Lopes, Food Design & IRSFD.

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Fatos e números sobre a Global Food Safety Conference

A Global Food Safety Conference, que acompanho desde 2009, é o mais importante evento de Segurança de Alimentos do mundo. Ocorre anualmente desde 2001, e a cada ano tem um tema e um local de realização diferentes. Neste ano foi em Berlim, no Hotel Intercontinental, de 29 de fevereiro a 03 de março. 
O tema deste ano,  Alcançando a visão global da Segurança de Alimentos”, trouxe à tona questões sobre como trazer a segurança de alimentos para todos, seu contexto atual, as mudanças que estão acontecendo, as preocupações dos consumidores, e como elas podem ser correspondidas. O evento tratou também  da segurança de alimentos emergentes, com ênfase aos insetos comestíveis e  aos orgânicos.

Reduzir os riscos de segurança de alimentos, gerir custos na cadeia de fornecimento e ao mesmo tempo desenvolver esforços de capacitação, facilitando o intercâmbio de conhecimento e o networking, é tarefa que vem se tornado cada vez mais complexa, afirmou Mike Robach, Presidente recém-nomeado para o Board do GFSI e Vice-Presidente Corporativo de Segurança de Alimentos da Cargill, Estados Unidos.
Mike Robach, Presidente recém-nomeado para o Board do GFSI e
 Vice-Presidente Corporativo de Segurança de Alimentos da Cargill.
Fonte: site da conferência.
Em termos de números, esta Conferência reuniu 950 dos maiores especialistas de segurança de alimentos de 63 diferentes países.
Após seu término, de 03 de março a 04 de março, ocorreram as reuniões dos Grupos Técnicos de Trabalho, tendo eu participado do novo grupo, de Cultura de Segurança de Alimentos como membro efetivo, e Rose Mary, nossa especialista em psicologia social, como observadora.
As palestras e debates envolveram representantes de todos os stakeholders da cadeia de alimentos:  varejo, indústria, food service, entidades de certificação e de acreditação, entidades regulatórias governamentais,  universidades e prestadores de serviços.
Autor: Ellen Lopes, Food Design & IRSFD.

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Global Food Safety Conference 2016, Berlim

É com satisfação redobrada que estou reativando o blog DIRETO DO GFSI, para relatar para os colegas os highlightsda 15ª Conferência Anual Global de Segurança de Alimentos (em inglês: GFSC – Global Food Safety Conference), organizada pela GFSI – Global Food Safety Initiative.

                        Visão geral. Fonte: site da conferência.

As razões desta satisfação são muitas: primeiramente, porque esta Conferência vem se consolidando como a maior e mais importante plataforma global para discutir as questões mais prementes de segurança de alimentos.

Segundo, porque eu tive a honra de, pela primeira vez, representar o Brasil, com uma palestra sobre o Grupo Global Markets Brasil, criado no seio do Comitê de Segurança de Alimentos da APAS – Associação Paulista de Supermercados, e apoiado pelo IRSFD.
E o que é o IRSFD? É uma entidade sem fins lucrativos, sonho antigo meu e de outros colegas, cujo objetivo é agregar valor a empresas menos desenvolvidas da cadeia de alimentos, com empreendedorismo, qualidade, segurança de alimentos e sustentabilidade. Esta ONG saiu do papel em 2015, nasceu apoiando o Grupo Global Markets Brasil, e agora tem mais uma missão: ajudar na produção deste blog.
Uma outra razão, até mais importante, é que estou contando neste ano com a colaboração dos colegas brasileiros, que também estiveram presentes: Rose Mary Lopes, da Food Design e IRSFD; Crístian Leal Roque, parceiro da Food Design & AFAM Alliance e também membro do IRSFD; Juliana Canellas, da The Coca-Cola Company; Juliani Kitakawa, DNV-GL e da Tenente Coronel Fernanda Peixoto, das Forças Armadas. Meu muito obrigada antecipado a vocês pela colaboração!
Autor: Ellen Lopes, Food Design & IRSFD.

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Alergênicos – Parte 4: VITAL® – Voluntary Incidental Trace Allergen Labeling

O mais importante trabalho do Allergen Bureau mostrado pela Stephanie (ver post Alergênicos – Parte 1: Responsabilidade Compartilhada noAllergen Bureau), foi concretizar o desenvolvimento do VITAL®, uma ferramenta de avaliação de risco de alergênicos para os produtores de alimentos, iniciado em 2004.
Para esta tarefa, o Allergen Bureau formou um painel de experts científicos, o VITAL® Scientific Expert Panel (VSEP), a fim de revisar dados científicos sobre os limiares de alergênicos alimentares. Esta revisão era crítica para poder fundamentar a tomada de decisões pelo produtor de usar (ou não) na rotulagem a declaração “pode ​​estar presente”, padronizada pelo VSEP, garantindo assim de fato a proteção  do consumidor alérgico.
Fonte: www.tcgffoodsafety.com

Antes de ser lançado, o VITAL® foi submetido a testes pilotos, considerados bem sucedidos e que “resultaram em uma equipe focada e cheia de energia”, segundo a palestrante. Lançado em junho de 2007, tem sido continuamente aperfeiçoado e aprofundado, consistindo atualmente dos seguintes materiais, além de outros apoios disponibilizados pelo Allergen Bureau:

  • VITAL®  Guide
  • VITAL® Calculator
  • VITAL® Allergenic Protein Level

Em julho deste ano será lançado o VITAL® Online, com várias melhorias feitas com base na contribuição de um grupo de usuários.


Stephanie concluiu sua palestra afirmando que:

•  O uso do Allergen Bureau VITAL®  está propiciando consistência à avaliação de riscos de alergênicos e está crescendo em todo o mundo
• A gestão de alergênicos continua a ser uma prioridade máxima de segurança de alimentos, que requer investimento contínuo em educação e processos
•  A Nestlé continuará a apoiar estas iniciativas de gestão de alergênicos de apoio à indústria em um ambiente pré-competitivo.

Para encerrar esta série de posts sobre a palestra da Stephanie sobre alergênicos e as pesquisas que fiz para aprofundar as informações por ela apresentadas, informo que os materiais da série VITAL® estão disponíveis para download no site allergenbureau.net, mas para obter o VITAL® Calculator você tem antes que se cadastrar no site, onde indicado.
Fonte: www.tcgffoodsafety.com

Alergênicos – Parte 3: Allergen Collaboration & Allergen Portal

Paralelamente ao trabalho do Allergen Bureau mencionado em post anterior, o FSANZ – Food Standards Australia New Zealand,  criou em 2011 o grupo Allergen Collaboration para fortalecer o engajamento e colaboração entre os atores envolvidos na gestão de alérgenos alimentares. Seus membros incluem representantes de fabricantes de alimentos, consumidores e governo, e se reúnem periodicamente para explorar medidas não regulamentares que podem melhorar a gestão de alérgenos alimentares.
Resultados até o momento: auditoria material de comunicação relacionado a alergênicos, desenvolvimento de uma série de mensagens-chave sobre a gestão de alérgenos alimentares para diversos setores da cadeia de alimentos e a criação do Allergen Portal,  alojado no site do FSANZ.


O Allergen Portal fornece acesso a informações sobre gestão de alergênicos para auxiliar as partes interessadas:
– indústria de alimentos (fabricantes, varejistas, serviços de alimentação e importadores)
– consumidores
– para creches e escolas
– para profissionais de saúde
– para organizações governamentais


Comentário meu: e no Brasil, temos algo semelhante?
Mesmo que tenha demorado algum tempo, a ANVISA agora está fazendo esforços para regulamentar a questão dos alergênicos no Brasil, tendo lançado em 2 de abril de 2014 a Consulta Pública nº 29/2014 para rotulagem de fontes de alergias ou de intolerâncias alimentares, obtendo recordes de respostas. Esta Consulta Pública prevê regras para as oito principais categorias de alimentos alergênicos: leite, ovos, amendoim, nozes, trigo (incluídos o centeio, aveia e cevada), crustáceos, peixes, soja. A proposta também prevê que os rótulos indiquem sua presença do alimento, no caso de ingrediente ser derivado destes alimentos alergênicos.
Em 6 de maio a ANVISA realizou a primeira uma audiência pública sobre rotulagem de alergênicos, com vários stakeholders presentes. Como a novidade surgiu a inclusão do látex e de coco (Cocos nucifera),  o que tem gerado controvérsias, já que estes alergênicos não fazem parte dos “big eight″ definidos pelo Codex Alimentarius. Mas vale lembrar que o látex pode fazer parte de gomas de mascar, de adesivos de embalagens para alimentos e há relatos de alergia ao coco.

Parece que estamos caminhando, certo?

Alergênicos – Parte 2: Como funciona o Allergen Bureau

Achei tão interessante o trabalho do Allergen Bureau, mencionado no post anterior, que decidi investigar como foi criado e como funciona.

O Allergen Bureau reuniu a colaboração de várias ONGs, entidades e agências governamentais que já trabalhavam direta ou indiretamente com alergênicos: a AFGC – fórum de estudo e discussão sobre alergênicos criado pelo Australian Food & Grocery Council, entidade que congrega indústrias de alimentos e varejistas, com objetivo de aumentar a competitividade do setor de alimentos e de outros bens de consumo; a ASCIA  – Australasian Society of Clinical Immunology and Allergy, uma ONG de médicos e profissionais especializados em alergias e imunologia clínica, o FSANZ – Food Standards Australia New Zealand, agência de governo bi-nacional da Austrália e Nova Zelândia, responsável pela legislação de alimentos compartilhada por esses dois países.

O Allergen Bureau contou também com o apoio fundamental da FIAL –  Food Innovation Australia. A FIAL é uma entidade custeada pelo governo, mas liderada pela indústria, com foco em novas oportunidades e construção de resiliência da indústria de alimentos e  de bebidas, bem como construção de vantagem comparativa em nichos de mercados-alvo no exterior.  Conforme afirma Dra Mirjana Prica, atual Diretora Executiva,  a FIAL “é o catalisador para um futuro seguro e de confiança para a indústria de alimentos e agronegócios na Austrália”.


Alergênicos – Parte 1: Responsabilidade Compartilhada no Allergen Bureau

O tema central da Conferência deste ano de 2015 foi responsabilidade compartilhada. Cada vez mais a comunidade da cadeia de alimentos entende que segurança de alimentos é bem comum que deve ser tratado pelos stakeholdersde forma compartilhada, já que envolve trocas ao nível global, e que a maioria dos problemas de segurança envolve ações que vão do campo à mesa, e o mais comum é que nem todos os elos desta cadeia encontram-se em uma mesma região, e muito menos sob uma mesma responsabilidade.
Stephanie Hart, Diretora Executiva de Operações da Nestlé Oceania, mostrou como um grande grupo de stakeholders da Austrália e Nova Zelândia, colocou em prática, de forma brilhante, este conceito da responsabilidade compartilhada, contribuindo não só para a melhoria da avaliação de risco para alergênicos na Austrália e Nova Zelândia, mas como disponibilizou para todo o mundo a ferramenta VITAL®, que será abordada em novo post.

Autor foto: Ellen Lopes

Stephanie explicou o cenário de alergênicos na Austrália e Nova Zelândia, que aponta que 1 em cada 10 bebês tem ou desenvolverá problema com alergia a certos alimentos.

Fonte: www.tcgffoodsafety.com    

Explicou ela que “a legislação na Austrália/ Nova Zelândia estabelece que qualquer um dos principais alérgenos alimentares devem ser rotulados quando presentes em um alimento (ingrediente, aditivo ou auxiliar de processamento ou de um componente de um destes): amendoins e nozes, cereais que contêm glúten, gergelim, soja, ovos, leite, peixes e crustáceos, sulfitos adicionados se mais de 10 mg/ kg no produto final. Os produtos obtidos a partir de qualquer destas substâncias devem também ser indicados, se forem utilizados”.
Na prática, para se resguardar de problemas, quando os fabricantes suspeitam de contaminação cruzada durante processo, ou quando não conseguem ter certeza sobre ausência de alergênicos provenientes de ingredientes/ aditivos, tem sido comum optarem por colocar no rótulo alertas do tipo “pode conter x, y , z …. alergênicos”, resultando em poucas opções para os consumidores que necessitam de produtos de fato sem tais alergênicos.
Para resolver este problema, o Australian Food & Grocery Council Allergen Forum, que já vinha estudando o problema de como apoiar os fabricantes a identificar se de fato o produto era isento de alergênicos provenientes de contaminação cruzada, em 2005 criou a ONG Allergen Bureau com o objetivo de compartilhar informações e experiências sobre a gestão de alergênicos alimentares entre as indústrias de alimentos, para assim garantir que os consumidores receberiam informações relevantes, consistentes e fáceis de serem entendidas.

O Allergen Bureau é um maravilhoso exemplo de cooperação interativa na forma de rede, entre concorrentes da indústria de alimentos, congregando desde empresas nacionais e multinacionais de fabricação de alimentos,  empresas de marketing, fornecedores, importadores, exportadores, varejistas e grupos de consumidores sobre como gerenciar os riscos de alérgenos alimentares na indústria visando a segurança dos consumidores. Conta com grupos de trabalho voluntário de várias indústrias (ex. Nestlé, Mars, Unilever), laboratórios, além de mais 24 membros e 17 associados em torno da missão: “Trabalhando juntos para conduzir iniciativas de gestão de alergênicos”. 



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