Como é segurança de alimentos na China?

Segundo Zaotian Wan, Vice Presidente da COFCO Corporation da China, é assim: 食品安全.

Brincadeiras à parte, segundo o palestrante, a COFCO – Corporação Nacional de Cereais, Óleos e Produtos Alimentares da China, fundada em 1952, é a maior empresa de processamento e de comercialização de alimentos daquele país, e é uma das maiores empresas estatais chinesas.

Zaotian falou sobre a Segurança de Alimentos Mundial: o exemplo chinês, explicando que a China ainda tem muito a desenvolver na área de segurança de alimentos. Ele relatou que, em 2010, houve 173 casos de “intoxicação” alimentar registrados na China, envolvendo o número de 6.272 pessoas e 146 mortes. Curiosamente, o palestrante citou os respectivos números registrados nos Estados Unidos: 1,28 milhões e 3.000. Pensei ter entendido errado, mas nos slides cedidos pelo palestrante, traduzidos para o inglês, realmente aparecem os números dos Estados Unidos entre parênteses. Fiquei me perguntando se esta seria alguma técnica governamental para minimizar o fato, admitido por ele mesmo, de que a segurança de alimentos lá ainda é incipiente. É claro que a captação ou a informação, ou ambos parecem ainda não ser de “alta precisão”.

Wan explicou que o cenário das indústrias de alimentos na China é constituído por pequenas empresas, de baixo grau de automatização, dispersas em várias regiões, o que dificulta o controle. Exemplificou: para processamento de trigo, somente 1% das empresas têm capacidade de processamento acima de 1.000 toneladas por dia, enquanto nos Estados Unidos esta porcentagem é de 50%. Acrescentou que a China é menos harmonizada que em países desenvolvidos, sendo o sistema de padrões legislativos incompleto, com a adoção de padrões internacionais abaixo de 50%, com inconformidades e sobreposição dos padrões. Há falta de análise de risco e de investigação de novos poluentes, falta de cadeia de frio suficiente, falta de integridade das empresas e há alta deterioração do meio ambiente.

Wan revelou que, nos últimos anos, a maioria dos incidentes de alimentos foi causada pela contaminação intencional, o que leva o desafio para a área de Food Defense.

A segurança de alimentos está intimamente ligada com o negócio internacional da economia global, e os consumidores chineses têm se preocupado com a intensiva exposição na mídia de casos envolvendo segurança de alimentos, como foi o caso da melamina no leite. “A entrada do governo tomando a segurança de alimentos como parte dos sistemas de engenharia social e de meios de subsistência está levando o sistema de vigilância sanitária e a cultura de alimentos a se formarem gradualmente: até o final de 2010, mais de 6.300 instituições nacionais de alimentos para análises de segurança de alimentos foram estabelecidas, a supervisão da segurança de alimentos foi reforçada e foi criado um mecanismo de resposta a emergências de segurança de alimentos. Os controles têm aumentado constantemente, citando que 27.369 empresas produtoras de alimentos foram inspecionadas de 2006 a 2010”. Mais uma vez achei que poderia ter entendido mal, seria 2010 mesmo? Mas confirmei no slides cedidos, que não contemplam dados mais recentes.

Wan concluiu que, para fazer frente com este cenário, a COFCO publicou em 2009 os “Dez Princípios de Gestão da Segurança de Alimentos” estando, a empresa, disposta a trabalhar com as associações, a academia, a mídia e os consumidores, para melhorar a situação de segurança de alimentos. Wan observou que a empresa estatal não opera todos os elos da cadeia de abastecimento de alimentos, mas tem o objetivo de influenciá-los. E acrescentou “o GFSI é necessário para construir uma plataforma de comunicação para fabricantes de alimentos e varejistas, compartilhando, juntos, a experiência para melhorar o nível da segurança de alimentos”.

Zaotian Wan, da COFCO, China.Autor da foto: Cong Xue, constante no site da Conferência.




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Existe essa coisa de alimento produzido localmente?


Ao escrever sobre esta palestra, percebi que o tempo que tive livre em Barcelona acabei gastando em boa parte, vejam só, com alimentos produzidos localmente! Com meu marido saboreei uma deliciosa paella, com muito sabor e “cor” local no restaurante Caracoles, fundado em 1835. Em Sitges, nos arredores da cidade, comi uma entrada de melão com presunto ibérico pata negra tipo bellota. Este presunto é produzido a partir de porcos negros, de raça ibérica, criados não confinados, e se alimentam com nozes de carvalho. Em Vic, encantadora cidadezinha, a 70 km de Barcelona, visitamos uma tradicional casa de embutidos produzidos localmente, uma famosa casa de chocolates lá produzidos artesanalmente, e um restaurante divino, o Ca L’u, onde me deliciei com arròs negre e bescuit cremat amb xocolata tudo claro, feito localmente.

Mosaico decorativo em uma loja de embutidos em Vic, Espanha.

Autor da foto: Ellen Lopes



Embutidos, Vic, Espanha


Isso tudo me fez lembrar o interessante questionamento colocado por Valentin Almansa de Lara, Diretor do Departamento de Saúde de Produtos Animais e Vegetais do Ministério da Agricultura, Alimentação e Meio Ambiente da Espanha, sobre a crença de alguns consumidores de que a produção local possa ser mais segura: “num mundo interconectado globalmente, mesmo alimentos produzidos localmente podem resultar em eventos de dimensão internacional. Deu como exemplo o evento da E. coli O104:H4 ocorrido em 2011, ligado a broto de feijão, envolveu apenas na Alemanha, mais de 4 mil pessoas infectadas e 48 mortes, afetando também um grande número de consumidores, de pelo menos 16 países, que tinham viajado para a Alemanha”.
“O sentimento relacionado ao seu país, ou à sua região, à sua tradição, do que é bem conhecido e familiar é que traz esta sensação de segurança”, discorreu ele. Este sentimento pode ser explorado como estratégia de marketing, que ele chamou de “marketing defensivo”, o que pode interferir no preço, para maior ou para menor, conforme a situação. No caso da E. coli 0104:H4 acima mencionado, os produtores espanhóis sentiram na pele este efeito, pois, como num primeiro momento, culpou-se os pepinos exportados pela Espanha, eles tiveram que baixar o preço para poder recuperar mercados.

Valentin Almansa de Lara, Ministério da Agricultura, Alimentação e Meio Ambiente, Espanha

Autor da foto: Cong Xue, constante no site da Conferência.

Felizmente os produtos locais que degustei não provocaram nenhum evento de dimensões internacionais ao longo da viagem. Ainda bem, porque “evento internacional” em avião é algo coisa nada agradável.





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Brasileiros no GFSI 2013

Nesta sexta feira só farei um post curtinho sobre a participação dos brasileiros, porque estou em contagem regressiva para voltar ao Brasil e hoje não terei mais tempo para me dedicar ao blog.

Na semana próxima continuarei postando os resumos das palestras a que assisti, provavelmente no ritmo de um post sobre uma palestra ou sobre a parte social, pois retorno à rotina de trabalho. Nesta semana, eu havia tirado uns days off, ou melhor, “semi-off”, já que todos os dias trabalhei um pouquinho no blog.

Sobre os brasileiros, neste ano tivemos oito participantes do Brasil inscritos na Conferência. Já é o dobro do número de 2009, quando comecei a participar do evento. Mas ainda somos poucos, para um país que é um grande player no cenário da exportação de alimentos, e isso sem considerar a importância da segurança de alimentos para nossa própria população.

Apenas para comparar, os Estados Unidos tiveram 223 inscritos no catálogo do evento!

Consegui fazer foto de cinco destes brasileiros, sendo que um deles sou eu mesma.  Não contei o Reinaldo Balbino Figueiredo, que aparece em uma das fotos, porque ele estava pela ANSI, dos Estados Unidos, e portanto não participava como inscrito do Brasil.

Reinaldo Balbino Figueiredo da ANSI, Ellen Watanabe e Ana Cláudia Peluso,

 ambas da Novozymes Latin America

Ellen Lopes da Food Design, Maurcío Kamei e Juliani Kitakawa, ambos da DNV Brasil.










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Redes Globais de Segurança de Alimentos- perspectiva de um varejista: Carrefour, Espanha

Hoje mostro o ponto de vista sobre Redes Globais de Segurança de Alimentos, pelo olhar de Mariano Rodriguez Moya, Diretor da Qualidade e do Desenvolvimento Sustentável do Carrefour, Espanha, que está no ponto de venda, em contato diário com o consumidor.

Já no resumo disponibilizado antes do evento, Mariano relata que “como um varejista de alcance global, é fundamental contar com uma rede para trocar informações e poder detectar assuntos emergentes de segurança de alimentos”.

Durante sua palestra, Mariano ressaltou a necessidade de se antecipar e de minimizar os riscos para garantir e proteger a identidade dos produtos através de sistemas de rastreabilidade, em combinação com monitoramento contínuo.

Ele acrescentou uma nota de advertência referente ao mercado espanhol, porém, a meu ver, aplicável a mercados em dificuldade econômica: a crise econômica na Espanha está levando a novas pressões que podem afetar a segurança de alimentos, pois, nacionalmente, há uma redução dos controles analíticos e da qualidade, combinado a cortes nos investimentos de pesquisa.

Daí em diante, se o problema vai “para a rua”, apenas correções são possíveis. Talvez esta seja uma lição que não deve ser copiada: na crise, cortes devem ser feitos com muito cuidado para que “o barato não saia caro”. Desculpem-me a comparação, mas o exemplo de Santa Maria é o mais contundente exemplo que já vi do “barato que sai caro”.

Mariano deu grande ênfase à rastreabilidade, aspecto de fundamental importância. Permito-me, porém, comentar que muitas vezes a rastreabilidade é vista como uma ferramenta com poder de resolver problemas. Na realidade, a rastreabilidade por si só não resolve problemas, mas, sim, permite localizar, circunscrever e, eventualmente, permitir que o problema seja extirpado. 

Contudo, devo ressaltar que a garantia e prevenção durante processo é que ainda deve merecer atenção número um.



Mariano Rodriguez Moya, 
Diretor da Qualidade e do Desenvolvimento Sustentável do Carrefour, Espanha.



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Redes Globais de Segurança de Alimentos – perspectiva de um fabricante: Nestlé

A importância das redes globais de segurança de alimentos, sua estrutura, exemplos e desafios foram abordados de forma brilhante por Richard Stadler, do Grupo de Especialistas em Segurança de Alimentos, Nestlé Ltda., Suíça.

Começando pelas razões da existência de tais redes, Richard enumerou a necessidade de melhoria de competência, troca de experiências, identificação de gaps, busca de solução para problemas específicos e estabelecimento de diretrizes e normas.

Sobre estrutura, ele identificou dois tipos principais de redes: as redes orientadas por ciência e tecnologia e as redes de especialistas em determinado assunto ou negócio. Muito clara ficou a importância de participar e acessar redes de alerta rápido, que cobrem problemas relativos à segurança de alimentos, à conformidade legal ou à nutrição, que podem ser reais ou apenas “percebidos”.

O especialista mostrou como um adequado monitoramento pode prevenir uma crise. A linha crescente de evidência, até problema, incidente e geração de uma crise pode ser interrompida quando decisões e ações rápidas são tomadas ao ser evidenciado que de fato há problemas.

E quais são hoje as principais fontes de informação sobre problemas potenciais? Richard mencionou as redes especializadas da própria empresa, redes externas (como ILSI, IFSQN etc), análise de tendências e monitoramento das informações da internet.


Richard exemplificou ações tomadas com apoio de redes para redução ou eliminação de potenciais contaminantes. Dos exemplos dados, um foi relativo às pesquisas de SEM – semicarbazida, realizadas com o apoio da JIG – Joint Industry Group on Packaging for Food Contact.



Richard Stadler, Nestlé, Suíça

(Foto cedida pela Coordenação de Marketing & Comunicação do GFSI)


Amanhã, postarei o ponto de vista sobre Redes Globais de Segurança de Alimentosperspectiva de um varejista: Mariano Rodriguez Moya, Diretor da Qualidade e do Desenvolvimento Sustentável do Carrefour da Espanha.



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Colaboração para a produção da Conferência

Um fato que sempre me chama a atenção nestas Conferências do GFSI é a grande rede de colaboração que se estabelece para a concretização deste evento, em nível cada vez mais amplo e elevado.

Como já mostrei em outras vezes, tudo é patrocinado: o café da manhã, os materiais, os coquetéis, almoços e jantares. Muita gente purista poderá até pensar: ah, é tudo comércio! E há razões para se pensar nisso, mas, deixando o purismo de lado, podemos observar como é sensacional e como se pode ir muito longe se uma rede de colaboração com objetivos comuns é estabelecida.

O GFSI tem conseguido amalgamar interesses graças ao trabalho voluntário de seus membros e ao patrocínio das empresas, interessadas, sim, em seus negócios, mas negócios com base em segurança do consumidor.

Uma mostra dos patrocinadores. A foto não ficou muito boa, mas o que eu pretendo é mostrar quais empresas patrocinaram.

  

Exemplos: no primeiro dia da Conferência, o café da manhã e o coffee break foram patrocinados pela Mondelēz, e o coquetel foi patrocinado pelo BRC – British Retail Consortium. No segundo dia, os coffee breaks foram patrocinados pela Cargill, Danone, Kroger e Mc Donald’s; o almoço foi por conta da The Coca Cola Company e o jantar foi patrocinado pela DIGI (empresa atuante em equipamentos para lojas de varejo).

Como vocês podem perceber, comida não faltou. E na próxima Conferência, você já fica sabendo que com alimentos você não vai gastar!


Convite e Menu do jantar patrocinado pela DIGI





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Ferramentas e Detecção de Doenças Veiculadas por Alimentos num Mundo Global

          
 Declan Naughton, professor de Ciência Biomolecular, Kingston University, Londres, Reino Unido, falou sobre Ferramentas para Monitoramento Global da Segurança de Alimentos.

Declan iniciou falando que, em sua visão, “não temos mais uma simples cadeia de abastecimento de alimentos, e, sim, uma rede de abastecimento de alimentos”.

Com base em modelos originalmente usados no rastreamento de células terroristas, através de algoritmos específicos sua equipe desenvolveu uma ferramenta de fácil utilização analítica, que permite uma representação muito flexível e visual dos relacionamentos de uma rede. Tal ferramenta permite análise instantânea e customizada de padrões de alerta da base de dados do RASFF, o Sistema Europeu de Alerta Rápido para Alimentos e Rações Animais.

A capacidade de acessar instantaneamente o perfil resultante de milhares de relatórios anuais de um determinado país permite a cada país identificar os grandes transgressores e detectores dentro da sua rede comercial para eventuais problemas de segurança de alimentos.

Ainda, a ferramenta objetiva permitir a redução de análises em duplicata, facilitar a identificação de situações de emergências, bem como simplificar as análises de tendências e as ações para melhoria da cadeia de abastecimento

A ferramenta é de código aberto, disponível na web: http://staffnet.kingston.ac.uk/~ku36087/foodalert/

 

Declan Naughton, Kingston University, London, Reino Unido

Foto cedida pela Coordenação de Marketing & Comunicação do GFSI.

 

John Besser, Chefe Adjunto do Laboratório de Doença Entéricas do CDC, EUA foi responsável pelo tema Detecção de Doenças Veiculadas por Alimentos, e relatou como a rede de laboratórios nacionais e internacionais que formam a PulseNet tem auxiliado a detectar e rastrear infecções de origem alimentar em todo o mundo. “Num mundo globalizado, um surto de doença transmitida por alimentos pode se tornar aparente a milhares de milhas de distância de onde o problema foi originalmente causado”, ressaltou ele.


A Pulsenet começou nos EUA e agora já abrange 83 países, oferecendo uma rede especializada na detecção de problemas ainda não conhecidos, através de métodos padronizados de genotipagem e compartilhamento de informações em tempo real. O objetivo é aumentar a vigilância e alerta antecipado de surtos de doenças alimentares, patógenos emergentes, bem como atos de bioterrorismo.


Segundo John, temos que encarar a segurança de alimentos como na aviação: “O importante é aprender com o fracasso. A segurança de alimentos não é diferente. Temos de detectar precocemente e investigar completamente os surtos. Nós precisamos aprender com as falhas da realidade. Isto é parte do ciclo de prevenção”.


John Besser, CDC, EUA 

Aguarde no próximo post o overview das palestras de Richard Stadler da Nestlé, Suíça e de Mariano Rodriguez Moya, do Carrefour, Espanha.



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Livrei-me das bruxinhas!

Depois de tentar por três vezes transferir as fotos da Alessandra e do Reinaldo para o computador, finalmente consegui. Aqui vão elas!

Reinaldo Balbino Figueiredo, Diretor da ANSI, USA
Alessandra O. Chiareli, Diretora de Contas Globais Estratégicas e Treinamento




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Discurso de abertura e de boas vindas – parte 2

Neste post, relato as duas palestras que antecederam o encerramento da sessão de abertura e de boas vindas, que ocorreram ainda no primeiro dia da Conferência.

Dra. Angelika Tritscher, Diretora do Departamento de Segurança de Alimentos e de Zoonoses da OMS – Organização Mundial de Saúde, Suíça, discorreu sobre o “fardo” representado pelas doenças transmitidas por alimentos: anualmente, cerca de um terço da população mundial, ou seja, 2 bilhões de pessoas (repito, e adiciono uma exclamação: 2 bilhões!) ficam doentes devido a alimentos contaminados. Dra. Angelika alertou que este número é apenas uma estimativa, “na melhor das hipóteses”, e discutiu que a principal razão da falta de precisão deste dado é, em maior ou menor extensão, devida à má notificação e subnotificação deste tipo de doença. “O que em geral se observa é que a informação é escassa e o que é relatado é apenas a ponta de um iceberg”, afirma ela. A demografia mundial, as comunicações, as mudanças climáticas, as perdas econômicas, aspectos de “food defense” e busca de nutrição saudável são todos fatores que têm um elevado impacto nas doenças de origem alimentar.


Dra. Angelika delineou algumas iniciativas necessárias para reforçar a segurança de alimentos de maneira global: reforço dos sistemas de proteção de alimentos, abordagem harmonizada “entre–empresas” e intersetorial, compromisso internacional para notificação de casos, compromisso global para reduzir doença de origem alimentar e “agir globalmente para proteger localmente”. 


Dra Angelika Tritscher, OMS, Suíça.

Dr. Robert Thompson, Professor da Faculdade de Estudos Internacionais Avançados da Universidade Johns Hopkins, Estados Unidos, relatou alguns dados históricos sobre a produção de alimentos, desde a teoria de Malthus, que previa no século 18 que a produção mundial de alimentos não seria capaz de acompanhar o crescimento da população, até os dias atuais, quando o volume de alimentos produzidos teoricamente seria capaz de alimentar toda a população existente, não fossem as perdas e desigualdade no consumo.

O grande salto na produção de alimentos deveu-se principalmente à elevação da produtividade impulsionada pelos avanços na tecnologia agrícola, mas há um enorme descompasso entre onde as pessoas vivem e onde os alimentos são produzidos. Segundo Dr. Robert, “a questão é se/ou por quanto tempo esta previsão vai continuar a estar errada”. Enquanto muitos creditam o aumento da demanda de alimentos ao crescimento da população mundial, economistas estimam que 30 a40 por cento do aumento desta demanda até 2050 será devido ao amplo crescimento econômico nos países em desenvolvimento. O mais importante “desconhecido“, segundo o Dr. Thompson é o número de consumidores de baixa renda que sairá da pobreza nas próximas décadas, o que potencialmente exercerá uma pressão enorme na demanda global por alimentos, podendo desencadear um período de incerteza. Para dobrar a disponibilidade de alimentos, a duplicação sustentável da produtividade agrícola é a única solução, dobrando a produtividade em solos férteis não erodíveis“, disse ele. 

Dr. Thompson alertou para um fato que é por vezes negligenciado: “20 a 40 por cento dos alimentos cultivados nos países em desenvolvimento são desperdiçados devido à tecnologia de armazenamento inadequado, à falta de transporte rural, resultando na redução de perdas pós-colheita, componente chave de qualquer estratégia de segurança alimentar”.

Finalizando este post, posso resumir a mensagem do Dr. Thompson como “a importância vital que o mundo deve dar a um maior investimento em pesquisa agrícola e à infra-estrutura rural”.

Robert Thompson, Universidade Johns Hopkins, Estados Unidos

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Comentários


Venho esclarecer uma dúvida, pois alguns leitores perguntaram sobre como fazer para comentar. Se quiser comentar, uma vez aberto o blog, clique no título do post em que você deseja fazer o comentário.


Feito isso, o post será aberto sozinho na página e, ao final dele, haverá uma caixa em que o comentário poderá ser feito.

Seus comentários serão bem-vindos e desde já os agradeço. Como estou com tempo escasso, preciso de antemão observar que eu nem sempre poderei responder e/ ou agradecer em seguida.








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Dia Internacional das Mulheres

Nem tinha percebido o tempo passar tão rápido. Já é dia 8 de março, e só me dei conta porque uma amiga acaba de me cumprimentar pelo Dia Internacional da Mulher!

Acho essa celebração curiosa, pois fico a me perguntar: se hoje é o Dia Internacional da Mulher, será que todos os outros dias do ano são Dias Internacionais dos Homens?! Brincadeiras à parte, claro que isso deve ter origem dos tempos em que a mulher tinha que lutar pelos seus direitos, coisa que hoje nos parece cada vez mais do passado. Por curiosidade pesquisei a origem (veja na Wikipédia clicando aqui).

Mas será que este passado é tão longínquo? Penso que não, pois, embora me sinta jovem apesar de meus cabelos já estarem mais brancos (ou melhor, mais loiros, porque para esconder os branquinhos eu faço reflexo), decidi contar um pequeno pedacinho da minha história: vocês sabiam que eu fui a primeira mulher a trabalhar na sede da Nestlé em uma área corporativa relacionada à fabricação? Pois é fato! Quem trabalhou comigo lá é testemunha! E fico feliz por ter “aberto” o caminho para que isso fosse coisa do passado! Vale dizer que a empresa não discriminava não, mas na prática alguns homens “preferiam” homens para trabalhar nesta área.

Bem, histórias à parte, para finalizar, envio uma rosa simbolizando meus cumprimentos para todas as mulheres que o blog possa alcançar. Nada mais óbvio em termos de símbolo para esta data, mas, acreditem, é com muito carinho! Parabéns a todas vocês!


P.S.: Como não gosto de discriminação, os votos valem também para os homens, ainda “donos” dos demais dias do ano!



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Discurso de abertura e de boas vindas – Parte 1

Segurança dos alimentos em uma Economia Global

Mike Robach, Vice Presidente para Segurança de Alimentos e Assuntos Regulatórios da Cargill, Estados Unidos, deu as boas vindas aos participantes, relembrando o tema de 2012: ”Segurança de alimentos é responsabilidade compartilhada”. Mike enumerou os desafios para a segurança dos alimentos em uma economia global em tempos de incertezas econômicas: o perigo de protecionismo; os conflitos globais; o crescimento da população; o aumento da demanda de grãos, parte em função no seu uso para biocombustíveis, dentre outros. Mike continuou: “A estrutura e mecanismo para uma parceria global eficaz já existem. Os fatores chave são: Pessoas, Ciência, Sistemas, Interfaces e Relacionamento”. Mike afirmou que os recursos devem ser aplicados de forma eficaz, baseados em ciência e risco, acrescentando que o aumento da confiança na segurança de alimentos reforça o comércio global e o livre comércio facilita o acesso aos alimentos. 

Fiquei otimista em perceber que tenho a mesma opinião: os desafios de um sistema global de alimentação em tempos de incertezas econômicas são gerenciáveis, desde que se busque soluções baseadas na ciência, tendo academia,  indústria, produtores e governos trabalhando juntos em uma parceria global.

Mike Robach, Cargill, Estados Unidos



Yves Rey, Diretor Geral Corporativo da Qualidade da Danone, França, iniciou seu discurso afirmando que “alimento seguro é um requisito fundamental para a sustentabilidade do negócio e de sua rentabilidade“. Com grande entusiasmo, Yves ressaltou o papel central que o GFSI tem assumido no século 21: “O GFSI reúne alguns dos melhores especialistas do mundo, constituindo-se em um fórum aberto e valioso, capaz de reunir de uma forma global os vários stakeholders.Esta plataforma valiosa tem a missão de melhorar a segurança de alimentos, e de conduzir esta segurança com foco na melhoria contínua. O futuro reserva muitos desafios e muitas possibilidades”. Yves enfatizou que estes desafios precisam ser abordados de forma colaborativa,  acrescentando: “Ao trabalharmos juntos, o céu é o limite“.

Yves Rey, Danone, França


Michael Taylor, Representante para Alimentos e Medicina Veterinária do FDA, Estados Unidos, lembrou a importância dos alimentos importados para a população dos Estados Unidos. Ele falou da nova abordagem para segurança de alimentos trazida pelo FSMA – Food Safety Modernization Act, apontando aos participantes que este regulamento fez com que a política pública começasse a mudar do modelo inspeção para incorporar a prevenção.

Ele acenou que parcerias público-privadas podem ser feitas, porém sem mencionar algum fato novo no horizonte. No ano passado, relembro aos leitores que acompanharam o blog, que ele havia acenado com a possibilidade de reconhecimento das auditorias com base em normas reconhecidas pelo GFSI, mas me pareceu que o assunto está sem definição.

Michael Taylor, FDA, Estados Unidos


Continua no próximo post.






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