Construção de confiança através da transparência

No que se trata da transparência e construção de confiança, Laurie Demeritt, CEO do Grupo Hartman, Estados Unidos, trouxe ao debate o que os consumidores querem saber.


Hoje, os consumidores estão comandando o mercado de alimentos mais do que nunca, estando envolvidos em todos os aspectos do mundo dos alimentos. A alimentação desempenha um papel mais importante na vida dos consumidores; aparecendo de forma onipresente nas conversas, mídias sociais,… A era digital também permitiu aos consumidores saber mais sobre a sua alimentação e expressar publicamente e partilhar as suas opiniões.

 Laurie Demeritt,  Grupo Hartman, Estados Unidos


Os consumidores esperam mais de seus alimentos, e das empresas os fornecem. A tendência está em exigir produtos frescos, menos processados ​​e rastreáveis ​​continuará a prosperar. Os consumidores, cada vez mais priorizam a autenticidade dos fabricantes e varejistas, em busca de uma relação baseada na confiança.

Um exemplo é o conhecimento do consumidor sobre OGM, que é superficial, e há um desejo para que haja mais informação sobre OGM, e quanto mais tempo o problema não for abordado publicamente, mais consumidores vão perguntar por que o silêncio. Mesmo para os consumidores em geral, sem muito conhecimento de OGM, há um desejo de vê-lo rotulado de forma clara, afinal os consumidores querem uma melhor compreensão de: O que são OGM? Em quais alimentos estão? Quais os prós e contras de OGM? Como OGM podem afetar a saúde? As implicações para o meio ambiente?

Laurie explicou que os consumidores estão menos envolvidos com cozinha e olhando para os fabricantes e varejistas para serem seus chefs, embora tenhamos visto um aumento substancial no engajamento do consumidor com alimentos e qualidade dos alimentos nos últimos anos, temos visto um declínio no tempo gasto em prepará-los. Eles continuarão recorrendo aos pratos prontos, soluções de refeição preparada, ou “componentes de apoio” para refeições.

Os consumidores chefes de família estão se tornando mais democráticos quando se trata de decisões sobre alimentos. A dinâmica familiar têm espelhado a mudança cultural a partir de papéis claros, sociais e uma crença hierárquica em regras, com a valorização de um igualitarismo em que as regras e os papéis são transitórios.

Os consumidores querem cada vez mais saber a verdade por trás da produção, fonte de ingredientes, qualidade dos ingredientes , ou sinais éticos da produção, narrativa e da história por trás do produto querendo saber quem faz o produto e de onde o produto vem.

Cultura de Segurança de Alimentos

Ryk Lues, Professor de Segurança de Alimentos, da Faculdade de Saúde e Ciências Ambientais da Universidade Central de Tecnologia, África do Sul, apresentou um exemplo de Cultura de Segurança de Alimentos.


Ryk Lues,  Faculdade de Saúde e Ciências Ambientais da Universidade Central de Tecnologia, África do Sul.

Segundo Lues “Garantir a segurança de alimentos … além de inspeções regulatórias, testes e treinamento … requer uma melhor compreensão da cultura organizacional e as dimensões humanas … “, ou seja, uma compreensão de dimensões humanas e cultura organizacional que garante a segurança de alimentos, além estabelecer regras para inspeções, testes, acompanhamento e formação.

Foi feito um paralelo entre comportamento de segurança de alimentos, tanto em casa quanto no trabalho e apresentado alguns dos riscos nos diferentes papeis, como por exemplo:

1) Consumidores: maioria dos riscos associados ao ambiente doméstico com comportamentos de risco, tais como falta de conhecimento sobre a composição do produto, animais domésticos dentro da cozinha, armazenamento de carne na parte superior da geladeira, uso da mesma tábua de cortar, armazenar alimentos além do prazo de consumo indicado, não lavar as mãos, multiuso de pano/esponja/toalha e aplicação de temperatura insuficiente.

2) Manipuladores: riscos associados à tocar boca com as mãos, usando a mesma toalha para limpar diferentes localidades, enxugando as mãos no rosto ou roupas durante o trabalho.

3) Gestores: ausência de competências de liderança, ou seja, motivação, competência e visão, falta de propriedade sobre a cultura institucional e sobrevivência econômica, às vezes, falta de conhecimento, habilidades e motivação, visão de uma cultura onde se emprega o “eles” ao invés de “nós e ter a sistemática de segurança de alimentos dirigida de forma reativa ao invés de pró-ativa.

Pode-se entender a cultura como ” Um grupo de pessoas guiadas em seus comportamentos por sua crença em conjunto a importância da segurança e da sua compreensão partilhada que cada membro voluntariamente defende normas de segurança e vai apoiar outros membros para esse fim comum”. “Cultura de Segurança é: atitudes, valores, normas e crenças que um determinado grupo de pessoas compartilham no que diz respeito ao risco e segurança”. Ela depende do envolvimento de todos, conforme mostra a figura abaixo.

Fonte: slide da conferência
Apoio de redação: Pablo Laube
Apoio de publicação: Thaís Ferreira
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Responsabilidade Mútua

Tim Ahn, Diretor Global de Qualidade e Segurança de Alimentos na Mars Chocolate, debateu sobre como construir confiança através da transparência e reforçando os laços Business to Business, neste caso com foco em ingredientes sensíveis.

Um negócio deve estar baseado em 5 Princípios: Qualidade, Responsabilidade, Mutualidade, Eficiência e Liberdade, conforme apresentado pelo próprio Tim.


A preocupação na cadeia vem devido a complexidade, embasada em  redes globais de fornecimento, vários elos envolvidos, dificuldade em rastrear, registros incompletos e pouca visibilidade para o usuário final.

Por isso, conforme reforçado por Tim, o fortalecimento dos vínculos de mutualidade se faz essencial, devendo alavancar relações e parcerias por todos os elos da cadeia de fornecimento, garantir a rastreabilidade como um resultado de transação, reforçar a segurança de alimentos e fazer o uso de auditorias em fornecedores como ferramenta para alimentar o sistema de gestão. Deve-se trazer a parceria estabelecida entre fornecedor – fabricante também para resolução de desafios.


Tim Ahn, Mars Chocolate, Estados Unidos


Um fornecedor pode ser responsável por fornecer um ingrediente produzido em equipamentos compartilhados com alérgenos alimentares e não incluídos na formulação do produto nem fazer menção na rotulagem, fornecer um produto com grande incidência de corpos estranhos ou até mesmo um produto com potencial de contaminação por patógenos por falhas nos controles ambientais.

Nos exemplos acima, você como cliente precisar considerar situações tais como: informação detalhada do produto e indicação de “pode ​​conter” na rotulagem ou especificação,  considerar um rigor maior na especificação do produto ou em outra situação garantir uma limpeza adicional ao receber, considerar laudos e testes microbiológicos de verificação ao receber, entre outras medidas a serem alinhadas com o fornecedor, garantindo uma responsabilidade mútua entre as partes.

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Gestão de alergênicos na cadeia de fornecimento

Em outro momento do evento, foi debatido novamente sobre a cadeia de fornecimento, mais especificamente sobre a inclusão da gestão de alergênicos para garantir a segurança na cadeia produtiva.

Nos Estados Unidos, de todos os recalls de produtos  que ocorreram no terceiro trimestre de 2013, 40% deles estavam relacionados com alérgenos,  que estão em ascensão. As alergias alimentares entre crianças aumentou cerca de 50% entre 1997 e 2011. Na União Europeia, internações hospitalares por alérgenos em crianças subiram sete vezes ao longo da última década.

Na apresentação conduzida por Evangelia Komitopoulou, Gerente Técnica Global da SGS, foi apresentado o resultado de uma pesquisa realizada entre outubro e novembro de 2013, 29% dos entrevistados declararam ausência de um sistema de gestão sobre os alergênicos em suas empresas.

No gráfico abaixo, podemos ver um comparativo de quais áreas possuem um plano de gestão sobre alergênicos.

Fonte: slide da conferência


Outros dados referentes a aprovação de fornecedores demonstram que no processo de aprovação: 42,0% Nosso processo de aprovação fornecedor inclui amostragem e ensaios 47,2% Fornecedor auditorias abrangem tanto a revisão de documentos quanto visita à fábrica e apenas 55,1% tem lista de fornecedores aprovados sendo revisada uma vez por ano.

É preciso estabelecer uma cadeia com responsabilidade compartilhada, onde estejam alinhadas as necessidades de forma a identificar e implementar as melhores práticas.

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Supply Chain Practices – parte 2

Ainda no tema Supply chain, Jackie Healing, Gerente Geral de Qualidade, Fornecimento Responsável e Tecnologia na Coles, apresentou 100 anos de história da empresa varejista australiana em 5 minutos, como a mesma intitulou.

Jackie Healing, Coles, Austrália

O objetivo da empresa é dar às pessoas da Austrália uma loja na qual eles confiam, oferecendo qualidade, serviço e valor. Para isto, um plano de 5 anos foi estabelecido prevendo:
  • A construção de uma base sólida: criando uma equipe forte, mudando a cultura, mantendo padrões de forma a valorizar o cliente e a confiança, além de usar de forma eficiente os recursos.
  • Resultados consistentes: incorporando a nova cultura, melhorando atendimento ao cliente, melhoria da eficácia, ofertando alimentos frescos e entrega de valor.
  • Conduzindo as diferenças: melhoria contínua, estabelecendo confiança do cliente e lealdade, além de eficiência operacional com a oferta inovadora, novas lojas e novas categorias.
Jackie listou alguns dos desafios encontrados, tais como: falta de cultura de qualidade e compreensão e capacidade de base de fornecimento;  opções limitadas para abastecimento;  a falta de investimento através da cadeia, além de limitações em atendimento ao rigor dos requisitos regulatórios e no desenvolvimento humano ou tecnológico.

A evolução da cultura da qualidade entre 2008 e com andamento previsto até 2015, passou por três etapas, e está caminhando para a quarta etapa já, iniciando com um processo reativo (sem padrões ou políticas e sem orçamento para a segurança do produto), evoluindo para observância (com políticas, porém sem propriedade, algumas auditorias e segurança do produto ainda sendo interpretada como custo).

A terceira etapa consiste no comprometimento, com políticas vivas, comprometimento das principais partes envolvidas e que aos poucos vai se fundindo e evoluindo para  um valor inserido, na qual se observa um  compromisso empresarial completo e permanente e a segurança de alimentos vista como um valor fundamental, objetivo este que compartilho o desejo de ver sendo atingindo pelas empresas ao redor do mundo.

Para esta evolução da cultura, a Coles, por exemplo contou com auditorias de fornecedor com foco em Normas GFSI e requisitos próprios, de forma que esse processo acabou tendo reconhecimento internacional por ser realizado por organismos de certificação com escopo reconhecido internacionalmente e que mudou drasticamente os padrões da base de abastecimento.

Porém, algumas oportunidades de melhoria foram identificadas ao longo das auditorias com foco em Normas GFSI, tais como: melhorar competência do auditor, adequação do tempo de auditoria e não abrange necessidades específicas dos padrões da empresa o que torna não eficaz no tratamento de algumas questões-chave com fornecedores – por exemplo: rotulagem, pesos, corpos estranhos, entre outros.

Para cobrir esses gaps foram estabelecidos KPIs cobrindo os requisitos técnicos essenciais  como: reclamações, atributos de qualidade, certificação, competência técnica, visitas técnicas etc. Desta forma criando uma avaliação mais holística e consistente para garantir uma evolução e melhoria sólidas.

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Supply Chain Practices – parte 1

Peço desculpas por não ter mantido a frequência de publicações, mas com o aumento da demanda de trabalho acabei ficando alguns dias sem alimentar o blog. Porém retomo novamente as publicações até esgotarem todas as apresentações.

Peter Begg,  Diretor do Programa de Qualidade Global na Mondelez Internacional e membro do Board do GFSI, apresentou o ponto de vista de um fabricante na cadeia de fornecimento.

Peter Begg, Mondelez Internacional, Estados Unidos


Foi ressaltada a importância que a empresa dá à segurança de alimentos, onde a CEO, Irene Rosenfeld destaca em seu discurso “A confiança pode levar anos para construir, mas apenas um momento para destruir. É por isso que todos nós precisamos inspirar confiança todos os dias.”

As empresas devem assegurar que os consumidores e clientes possam confiar nos produtos que fabricam e fornecem a eles. Peter apresentou que asseguram essa confiança através de um programa de Segurança dos Alimentos abrangente que atende ou excede os requisitos regulamentares e garante a consistência mundialmente, além de realizarem anualmente uma análise comparativa para garantir a robustez do programa, incluindo auditorias de terceira parte (GFSI).

Peter reforçou que possuem uma abordagem Gestão Integrada da Qualidade, que se concentra em sistemas em todo Fatores chave na Cadeia de Suprimentos, conforme mostra a figura abaixo.

Fonte: slide da conferência

Peter referencia que possuem um pilar da qualidade para desenvolver e fornecer a capacidade sistemática para assegurar a cada etapa da cadeia de fornecimento uma produção zero defeitos de qualidade para os nossos clientes e consumidores, em  conformidade com todos os requisitos regulamentares e de empresas, eliminando perdas e incidentes relacionados à qualidade.

Para isso é fundamental contar com um programa de auditoria, o qual deve ser um processo aberto e interativo entre auditor e auditado, centrado nos riscos microbiológicos e de segurança de alimentos, medindo o cumprimento com Políticas de Qualidade e manuais, em toda a planta e departamentos para determinar a conformidade com os requisitos.

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